Trote Eu pensei: ele vai me dar porrada, e eu provavelmente mereceria. Eu nasci no Centro de São Paulo, quando tinha sete anos, eu e a minha mãe nos mudamos para Veleiros. Veleiros fica na Zona Sul de São Paulo, é um bairro de classe com 34 ruas e vias. Moramos na Rua João Guilherme de Brito até os meus 19 anos, lá os meus primeiros amigos foram dois irmãos; Junior e Rodrigo, eles moravam com a mãe Renata e o avô o Sr. Daniel. O Júnior tinha a minha idade, o Rodrigo era um ano mais novo. Eu e o Júnior brigamos, e quando tínhamos 12 anos, o Sr. Daniel teve um AVC de madrugada e morreu. O Júnior e sua família se mudaram para a casa da tia deles que ficava também em Veleiros. Eu e o Rodrigo, esporadicamente conversamos, mas quando eu e o Júnior ensalivamos uma reconciliação eles se mudaram de Veleiros. Por três anos a casa deles ficou abandonada, até uma nova família a alugar. Minha mãe e os novos vizinhos ficaram amigos, a minha irmã e a filha deles idem, mas eu detestei o filho deles. Uma vez eu estava fumando na calçada de casa, e ele chegou em casa num ônibus escolar... Eu sempre curti implicar com as coisas mais idiotas, e ele ir e voltar da escola de ônibus escolar, bastou para não gostar dele. Uma tarde atendi o telefone, e tive uma das conversas mais malucas da minha vida: "Fulano, é a sua vó." Eu mesmo dizendo ser engano e que o Fulano era o meu vizinho, ela continuava a falar sem parar. Até a hora que ela perguntou: "E seu pai?" Respondi meio choroso:" Ele tá bebendo..." Ela finalmente se calou, mas como eu ia saber que o pai do cara era alcoólatra em recuperação e que o vício quase destruiu a família deles? Algum tempo depois, ele me chamou para trocar ideia; e não é que ele era legal? Quando a situação financeira da sua família apertou ele se transferiu para o Heitor de Andrade. Ele era esquentadinho e perdia a linha fácil. Eu o apelidei de Garoto que Chora, após termos uma discussão sobre a direção musical do No Fate, uma banda que'u e o Hunther formamos das cinzas da Eat at Joe's - uma banda cover de Nirvana. A avó do Garoto que Chora era alcoólatra e morreu em decorrência de uma cirrose. Eu e o Garoto que Chora saímos para beber, ele estava muito triste. Eu contei sobre o "trote" pelo jeito que ele me olhou, pensei: ele vai me dar porrada, e eu provavelmente mereceria; mas pelo contrário ele abraçou contou que a sua vó era distante, e que o meu "trote" a fez voltar a se interessar pela família e que tinha sido ela que o incentivou a me procurar, em prantos e terminamos nossas bebidas antes de voltarmos para nossas casas. Alex

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