Luis Fernando Verissimo
Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936 — Porto Alegre, 30 de agosto de 2025) foi um escritor, humorista, cartunista, tradutor, roteirista, dramaturgo e romancista brasileiro. Com mais de 80 livros publicados, foi um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. Era filho do também escritor Erico Verissimo (Cruz Alta, 17 de dezembro de 1905 — Porto Alegre, 28 de novembro de 1975).
Nascido em Porto Alegre, Luis Fernando Verissimo viveu parte de sua infância e sua adolescência nos Estados Unidos, com a família, em função de compromissos profissionais assumidos por seu pai que era professor da Universidade da Califórnia em Berkeley (1943–1945) e diretor cultural da União Pan-americana em Washington, D.C. (1953–1956).
Como consequência disso, cursou parte do primário em San Francisco e Los Angeles, e concluiu o secundário na Roosevelt High School, de Washington.
Aos 14 anos, produziu, com a irmã Clarissa e um primo, um jornal periódico com notícias da família, que era pendurado no banheiro de casa e se chamava O Patentino ("patente" é como é conhecida a privada no Rio Grande do Sul).
No período em que viveu em Washington, Verissimo desenvolveu sua paixão pelo jazz, tendo começado a estudar saxofone e, em frequentes viagens a Nova Iorque, assistiu a shows dos maiores músicos da época, inclusive Charlie Parker e Dizzy Gillespie.
Charles Parker Jr. (Kansas City, 29 de agosto de 1920 — Nova Iorque, 12 de março de 1955) foi um saxofonista americano de jazz e compositor. No início da sua carreira, Parker foi apelidado de Yardbird; esse apelido mais tarde foi encurtado para Bird e permaneceu como o apelido de Parker para o resto da sua vida. John Birks Gillespie, conhecido como Dizzy Gillespie, (Cheraw, 21 de outubro de 1917 — Englewood, 6 de janeiro de 1993) foi um trompetista, líder de orquestra, cantor e compositor de jazz.
De volta a Porto Alegre em 1956, começou a trabalhar no departamento de arte da Editora Globo. A partir de 1960, fez parte do grupo musical Renato e seu Sexteto, que se apresentava profissionalmente em bailes na capital gaúcha, que era conhecido como "o maior Sexteto do mundo", porque tinha 9 integrantes.
Entre 1962 e 1966, viveu no Rio de Janeiro, onde trabalhou como tradutor e redator publicitário, e onde conheceu e casou-se (1963) com a carioca Lúcia Helena Massa, sua companheira até hoje e mãe de seus três filhos (Fernanda, 1964; Mariana, 1967; e Pedro, 1970).
Em 1967, de volta a Porto Alegre, começou a trabalhar no jornal Zero Hora, a princípio como revisor de textos. Em 1969, após cobrir as férias do colunista Sergio Jockymann (Palmeira das Missões, 29 de abril de 1930 – Campinas, 16 de fevereiro de 2011), foi um jornalista, romancista, poeta e dramaturgo brasileiro. Ficou conhecido por seu trabalho na comunicação do Rio Grande do Sul e por seus trabalhos como dramaturgo no teatro e na televisão.
Foi deputado estadual do Rio Grande do Sul entre 1991 e 1995. Ao cobrir as férias de Jockymann, Veríssimo pode mostrar a qualidade e agilidade de seu texto, passou a assinar sua própria coluna diária no jornal. Suas primeiras colunas foram sobre futebol, abordando a fundação do Estádio Beira-Rio e os jogos do Internacional, seu clube do coração. No mesmo ano, tornou-se redator da agência de publicidade MPM Propaganda. A MPM foi considerada a maior agência de publicidade do Brasil durante as décadas de 1970 e 1980.
Em 1970, transferiu-se para o jornal Folha da Manhã, onde manteve sua coluna diária até 1975, escrevendo sobre esporte, cinema, literatura, música, gastronomia, política e comportamento, sempre com ironia e ideias pessoais, além de pequenos contos de humor que ilustram seus pontos de vista.
Folha da Manhã foi um jornal brasileiro da cidade de São Paulo fundado em 1925, pertencente à empresa conhecida atualmente como Grupo Folha (à época Empresa Folha da Noite Ltda.) como jornal matutino que se contrapunha ao outro jornal vespertino que lhe precedeu.
Em 1971, criou, com um grupo de amigos da imprensa e da publicidade porto-alegrense, o semanário alternativo O Pato Macho, com textos de humor, cartuns, crônicas e entrevistas, e que circularia durante todo o ano na cidade.
Primeiros livros publicados
Em 1973, lançou, pela Editora José Olympio, seu primeiro livro, O Popular, com o subtítulo "crônicas, ou coisa parecida", uma coletânea de textos já veiculados na imprensa, o que seria o formato da grande maioria de suas publicações. O livro de estreia de Veríssimo recebeu elogios do importante crítico literário Wilson Martins, em O Estado de S. Paulo.
Em 1975, voltou ao jornal Zero Hora e passou a escrever semanalmente também no Jornal do Brasil, tornando-se nacionalmente conhecido. Publicou nesse ano seu segundo livro de crônicas, A Grande Mulher Nua, e começou a desenhar a série "As Cobras", que no mesmo ano já rendeu uma primeira publicação de cartuns.
Em 1979, publicou seu quinto livro de crônicas, Ed Mort e Outras Histórias, o primeiro pela Editora L&PM, com a qual trabalharia durante 20 anos. O título do livro refere-se àquele que seria um dos mais populares personagens do autor, um detetive particular carioca, de língua afiada, coração mole e sem um tostão no bolso, satirizando o gênero noir e os livros policiais de Raymond Chandler e Dashiell Hammett. Ed Mort passaria a protagonizar uma tira de quadrinhos desenhada por Miguel Paiva e publicada em centenas de jornais diários, gerando uma série de cinco álbuns de quadrinhos (1985-1990) e ainda um filme com Paulo Betti no papel título.
Raymond Chandler (Chicago, 23 de julho de 1888 — La Jolla, 26 de março de 1959) foi um romancista e roteirista estadunidense. Exerceu uma influência imensa no gênero dos romances policiais modernos, especialmente no que diz respeito ao estilo da escrita e nas atitudes que atualmente são características do gênero. Seu protagonista, Philip Marlowe, juntamente com o Sam Spade de Dashiell Hammett (ambos interpretados no cinema por Humphrey Bogart, respectivamente, em "À Beira do Abismo" dirigido por Howard Hawks; e em "Relíquia Macabra" dirigido por John Huston), é considerado praticamente um sinônimo do "detetive particular". Samuel Dashiell Hammett (Condado de Saint Mary's, 27 de maio de 1894 – Nova Iorque, 10 de janeiro de 1961) foi um escritor estadunidense, considerado o pai do romance policial americano, um dos precursores da literatura noir.
Entre 1980 e 1981, Verissimo viveu com a família por 5 meses em Nova Iorque, o que renderia mais tarde o livro Traçando Nova Iorque, primeiro de uma série de 6 livros de viagem escritos em parceria com o ilustrador Joaquim da Fonseca e publicados pela Editora Artes e Ofícios.
Popularidade nacional
Em 1981, o livro O Analista de Bagé, lançado na Feira do Livro de Porto Alegre, esgotou sua primeira edição em dois dias, tornando-se fenômeno de vendas em todo o país. O personagem, criado (mas não aproveitado) para um programa humorístico de televisão com Jô Soares, é um psicanalista de formação freudiana ortodoxa, mas com o sotaque, o linguajar e os costumes típicos da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. A contradição entre a sofisticação da psicanálise e a "grossura" caricatural do gaúcho da fronteira gerou situações engraçadíssimas, que Verissimo soube explorar com talento em dois livros de contos, um de quadrinhos (com desenhos de Edgar Vasques) e uma antologia.
Em 1982, passou a publicar uma página semanal de humor na revista Veja, que manteria até 1989.
Em 1983, em seu décimo volume de crônicas inéditas, lançou um novo personagem que também faria grande sucesso, a Velhinha de Taubaté, definida como "a única pessoa que ainda acredita no governo". O ingênuo personagem, que dera a seu gato de estimação o nome do porta-voz (Carlos Atila) do Presidente-General João Batista Figueiredo, (1979 - 1985), marcava a decadência do governo militar brasileiro, que já estava quase completando 20 anos. Mas, anos depois, em plena democracia, Veríssimo reviveria a Velhinha de Taubaté, ironizando a credibilidade dos presidentes civis, especialmente Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.
Em toda a década de 1980, Verissimo consolidou-se como um fenômeno de popularidade raro entre os escritores brasileiros, mantendo colunas semanais em vários jornais e lançando pelo menos um livro por ano, sempre nas listas dos mais vendidos, além de escrever para programas de humor da TV Globo.
Em 1986, morou seis meses com a família em Roma, e cobriu a Copa do Mundo para a revista Playboy. Em 1988, sob encomenda da MPM Propaganda, escreveu seu primeiro romance, O Jardim do Diabo.
Em 1989, começou a escrever uma página dominical para o jornal O Estado de S. Paulo, para o qual criou Família Brasil. Os personagens da tira, que não possuem nome, retratam uma família brasileira de classe média, suas situações cotidianas como problemas financeiros e conversas constrangedoras.
No mesmo ano, estreou no Rio de Janeiro seu primeiro texto escrito especialmente para teatro, Brasileiras e Brasileiros. E ainda recebeu o Prêmio Direitos Humanos da OAB.
Em 1990, passou 10 meses com a família em Paris e cobriu a Copa da Itália para os jornais Zero Hora, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo, o que voltaria a fazer em 1994, 1998, 2002 e 2006.
Em 1991, publicou uma antologia de crônicas para crianças, O Santinho, com ilustrações de Edgar Vasques, e outra para adolescentes, Pai não Entende Nada.
Em 1994, a antologia de contos de humor Comédias da Vida Privada foi lançada com grande sucesso, vindo a tornar-se um especial da TV Globo (1994) e depois uma série de 21 programas, A Comédia da Vida Privada (1995-1997), com roteiros de Jorge Furtado e direção de Guel Arraes. Verissimo publicaria ainda uma nova antologia de contos, Novas Comédias da Vida Privada (1996) e, por contraste, uma série de crônicas políticas até então inéditas em livro, "Comédias da Vida Pública" (1995).
Em 1995, intelectuais brasileiros convidados pelo caderno "Ideias" do Jornal do Brasil elegeram Luis Fernando Verissimo o Homem de Ideias do ano. A esta seguiram-se outras homenagens: em 1996, "Medalha de Resistência Chico Mendes" da ONG Tortura Nunca Mais, "Medalha do Mérito Pedro Ernesto" da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e "Prêmio Formador de Opinião" da Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o "Prêmio Juca Pato", da União Brasileira de Escritores como o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o Prêmio Multicultural Estadão.
De volta à música
Ainda em 1995, por iniciativa do contrabaixista Jorge Gerhardt, foi criado o grupo Jazz 6, este certamente "o menor sexteto do mundo", com apenas 5 integrantes: além de Verissimo no saxofone e Gerhardt no contrabaixo, fazem parte do grupo Luiz Fernando Rocha (trompete e flugelhorn), Adão Pinheiro (piano) e Gilberto Lima (bateria).
Sendo Gerhardt, Rocha, Pinheiro e Lima "músicos em tempo integral", o grupo dependia da agenda de Verissimo para se apresentar, tem 4 CDs lançados: "Agora é a Hora" (1997), "Speak Low" (2000), "A Bossa do Jazz" (2003) e "Four" (2006).
Em 1999, Verissimo deixou de desenhar as tiras de "As Cobras" e mudou de editora, trocando a L&PM pela Objetiva, que passou a republicar toda a sua obra. Uma destas antologias, "As Mentiras que os Homens Contam" (2000), já vendeu mais de 350 mil exemplares.
Em 2003, resolveu reduzir seu volume de trabalho na imprensa, passando de seis para somente duas colunas semanais, publicadas em Zero Hora, O Globo e O Estado de S. Paulo.
A partir de solicitações geradas pelas editoras, Verissimo deixou de ser o "grande escritor de textos curtos" e emendou uma série de novelas e romances: "Gula - O Clube dos Anjos" (1998) coleção "Plenos Pecados" da Objetiva; "Borges e os Orangotangos Eternos" (2000), para a coleção "Literatura ou Morte" da Cia das Letras; "O Opositor" (2004) para a coleção "Cinco Dedos de Prosa" da Objetiva; "A Décima Segunda Noite" (2006), para a coleção "Devorando Shakespeare" da Objetiva; e ainda "Sport Club Internacional, Autobiografia de uma Paixão" (2004), para a coleção "Camisa 13" da Ediouro.
Em 2003, uma reportagem de capa da revista Veja destacou Verissimo como "o escritor que mais vende livros no Brasil". Ao mesmo tempo, a versão em inglês de "Clube dos Anjos" ("The Club Of Angels") é escolhida pela New York Public Library como um dos 25 melhores livros do ano.
Em 2004, na França, recebeu o Prix Deux Océans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz.
Em 2006, Verissimo chegou aos 70 anos consagrado como um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, tendo vendido ao todo mais de 5 milhões de exemplares de seus livros. Em 2008, sua filha Fernanda deu-lhe a primeira neta, Lucinda, nascida no dia do aniversário do Sport Club Internacional, 4 de abril.
Em 21 de novembro de 2012, Luis Fernando foi internado em estado grave na UTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, devido a um quadro grave de gripe. Ele teve alta no dia 14 de dezembro.
Em 2013, venceu o Prêmio Jabuti — Livro do Ano de Ficção com a coleção de crônicas Diálogos Impossíveis, editado pela Objetiva.
Em 2014, foi homenageado pela escola de samba de Porto Alegre Imperadores do Samba com o enredo A Imperadores do Samba faz a justa homenagem aos personagens de Luis Fernando Veríssimo.
Participou em 2015 na faixa "Olho Mágico" do último CD da dupla gaúcha Kleiton & Kledir Com Todas as Letras como compositor e saxofonista.
Morte
Luis Fernando Veríssimo faleceu em 30 de agosto de 2025, aos 88 anos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ele estava internado há cerca de três semanas na UTI do Hospital Moinhos de Vento com pneumonia. O escritor sofria de doença de Parkinson e problemas cardíacos — em 2016 recebeu um marca-passo — e, em 2021, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que lhe deixou sequelas motoras e de comunicação.
Alex
Stephen Hillenburg - Carreira antes do Bob Esponja Stephen McDannell Hillenburg (Lawton, 21 de agosto de 1961 — San Marino, 26 de novembro de 2018) foi um animador, roteirista, cartunista e biólogo marinho americano, mais conhecido por ser o criador do desenho animado Bob Esponja Calça Quadrada, além de trabalhar com Joe Murray no desenho A vida moderna de Rocko, e com Arlene Klasky em Rugrats (Os anjinhos) como roteirista. Primeiros trabalhos Hillenburg fez seus primeiros trabalhos de animação, curtas-metragens The Green Beret (1991) e Wormholes (1992), enquanto estava na CalArts. The Green Beret era sobre uma escoteira com punhos enormes que derrubava casas e destruía bairros enquanto tentava vender biscoitos. Wormholes foi seu filme de tese de sete minutos, sobre a teoria da relatividade. Ele descreveu este último como "um filme de animação poético baseado em fenômenos relativísticos" em sua proposta de bolsa em 1991 para a Princess Grace Foundation, que auxilia arti...
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