O Castelo de Otranto O Castelo de Otranto é um romance de 1764 escrito por Horace Walpoled (Londres, 24 de setembro de 1717 — Londres, 2 de março de 1797). O Castelo de Otranto é o primeiro romance de literatura gótica, na segunda edição, Walpole aplicou a palavra 'gótico' ao romance no subtítulo - A Gothic Story. O romance deu início a um gênero literário que se tornaria extremamente popular no final do século 18 e início do século 19, com autores como Clara Reeve, Ann Radcliffe, William Thomas Beckford, Matthew Lewis, Mary Shelley, Bram Stoker, Edgar Allan Poe, Robert Louis Stevenson e George du Maurier. Ambientado em um castelo mal-assombrado, o romance mesclava medievalismo e terror em um estilo que perdura desde então. A estética do livro moldou livros góticos modernos, filmes, arte, música e a subcultura gótica. Walpole se inspirou para escrever a história após um pesadelo que teve em sua casa neogótica, Strawberry Hill House, em Twickenham, sudoeste de Londres. Alegando ter visto um fantasma no pesadelo - Walpole incorporou isso ao romance e também baseou-se em seu conhecimento da história medieval. A primeira edição do romance intitulada: O Castelo de Otranto, Uma História. Traduzido por William Marshal; Do Original Italiano de Onuphrio Muralto, Cônego da Igreja de São Nicolau de Otranto. Esta primeira edição pretendia ser uma tradução baseada num manuscrito escrito em Nápoles em 1529 'recentemente' redescoberto na biblioteca de "uma antiga família católica no norte da Inglaterra". Ele empregou um estilo arcaico de escrita para reforçar esse conceito. A história do manuscrito italiano, afirmava-se, derivava de uma história ainda mais antiga, que remonta talvez às Cruzadas. Este manuscrito italiano, junto com o suposto autor "Onuphrio Muralto", foram criações ficcionais de Walpole, e "William Marshal" seu pseudônimo. Na segunda edições, Walpole reconheceu a autoria da obra, escrevendo: "A forma favorável como esta pequena peça foi recebida pelo público, convida o autor a explicar os motivos pelos quais a compôs como "uma tentativa misturar os dois tipos de romance, o antigo e o moderno. No primeiro tudo era imaginação e improbabilidade: no segundo, a natureza sempre foi pretendida, e às vezes foi, copiada com sucesso...." Houve algum debate na época sobre a função da literatura; isto é, se as obras de ficção deveriam ser representativas da vida ou mais puramente imaginativas (ou seja, naturais versus românticas). A primeira edição foi bem recebida por alguns críticos que entenderam o romance como pertencente à época medieval, entre 1095, época da Primeira Cruzada, e 1243, data da última. Após a admissão da autoria por Walpole, no entanto, muitos críticos relutaram em elogiar a obra e a consideraram absurda, ficção romântica, ou até mesmo desagradável e imoral. Enredo O Castelo de Otranto conta a história de Manfred, senhor do castelo, e sua família. O livro começa no dia do casamento de seu filho Conrad, e da princesa Isabella. Pouco antes do casamento, porém, Conrad é esmagado e morto por um elmo gigante que cai sobre ele. Este acontecimento inexplicável é particularmente ameaçador à luz de uma antiga profecia, "o castelo e o título de senhor de Otranto deixariam de pertencer à atual família se o proprietário real se tornasse grande demais (velho) para habitá-lo". Manfredo, temendo que a morte de Conrado sinalizasse o início do fim de sua linhagem, resolve evitar tal fim casando-se ele próprio com Isabela e se divorciando da atual esposa Hipólita, que é totalmente submissa ao marido. No entanto, quando Manfred tenta possuir Isabella, ela foge para uma igreja com a ajuda de um camponês chamado Theodore. Manfred ordena a morte de Teodoro enquanto conversava com o frei Jerônimo, que garantiu a segurança de Isabel na igreja. Quando Theodore tira a camisa para ser morto, Jerônimo reconhece uma marca abaixo de seu ombro e identifica Theodore como seu próprio filho. Jerônimo implora pela vida de seu filho, mas Manfred diz que ele deve desistir da princesa ou da vida de seu filho. Eles são interrompidos por uma trombeta e pela entrada de cavaleiros de outro reino, que querem entregar Isabella a seu pai, Frederico, junto com o castelo, já que Frederico tem um direito mais forte sobre ele (outra razão pela qual Manfred deseja se casar com Isabella). Isso leva os cavaleiros e Manfred a correr para encontrar Isabella. Theodore, trancado em uma torre por Manfred, é libertado pela filha de Manfred, Matilda os dois estão apaixonados. No entanto, Theodore corre para a igreja e encontra Isabella. Em certo momento Matilda e Isabella discutem por ambas amarem Theodore. Ele a esconde em uma caverna e a bloqueia para protegê-la de Manfred e acaba lutando contra um dos misteriosos cavaleiros. Theodore fere o cavaleiro, que é o pai de Isabella, Frederic. Com isso, todos vão até o castelo para resolver as coisas. Frederic se apaixona por Matilda e ele e Manfred fazem um acordo para casar as filhas um do outro. Manfred, suspeitando que Isabella está num encontro amoroso na igreja, leva uma faca para dentro da igreja, mas era Matilda. Pensando que sua própria filha é Isabella, ele a esfaqueia. Theodore é então revelado como o verdadeiro príncipe de Otranto quando Matilda morre, deixando Manfred devastado. Uma forma fantasmagórica gigante aparece, declara a profecia cumprida e destrói as muralhas do castelo. Manfred abdica do principado e se refugia com sua esposa Hipólita. Teodoro torna-se senhor dos restos do castelo e se casa com Isabella, pois ela é a única que pode realmente compreender sua tristeza. Elementos literários No prefácio da segunda edição, Walpole afirma que o romance é "uma tentativa de misturar os dois tipos de romance, o antigo e o moderno". Ele define o romance "antigo" por sua natureza fantástica ("sua imaginação e improbabilidade"), enquanto define o romance "moderno" como mais profundamente enraizado no realismo literário ("uma adesão estrita à vida comum"), em suas palavras). Ao combinar situações fantásticas (capacetes caindo do céu, retratos ambulantes, etc.) com pessoas supostamente reais agindo de maneira "natural", Walpole criou um estilo novo e distinto de ficção literária, que tem sido frequentemente citado como um modelo para todos os romances góticos subsequentes. O Castelo de Otranto é amplamente considerado o primeiro romance gótico e, com seus cavaleiros, vilões, donzelas injustiçadas, corredores assombrados e coisas que acontecem durante a noite, é o padrinho espiritual de Frankenstein e Drácula, as tábuas rangentes de Edgar Allan Poe e as escadas móveis e os retratos ambulantes da Hogwarts de Harry Potter. O simbolismo no Castelo de Otranto é percebido por alguns como homoerótico e o romance visto como uma externalização da luta do autor com a sexualidade. Max Fincher escreveu que Manfred está preocupado com a ameaça de sua identidade ser descoberta de uma forma paralela ao medo do desejo homoerótico ser descoberto. Ele argumenta que a misoginia no romance é uma tentativa de projetar masculinidade, compensando excessivamente os medos de estranheza ou fraqueza do autor ou personagem. Elementos góticos Situado em um castelo em ruínas com todas as armadilhas góticas agora clássicas (passagens secretas, estátuas sangrando, ruídos inexplicáveis), apresentou a casa mal-assombrada como um símbolo de decadência ou mudança cultural. O poeta Thomas Gray disse a Walpole que o romance fazia "alguns de nós chorar um pouco e todos em geral medo de ir para a cama à noite". Thomas Gray (Londres, 26 de dezembro de 1716 — Cambridge, 30 de Julho de 1771), poeta e romancista inglês.Ele é amplamente conhecido por sua Elegy Written in a Country Churchyard (Elegia escrita em um cemitério rural), publicada em 1751. Gray o enviou ao seu amigo Horace Walpole, que popularizou o poema entre os círculos literários de Londres. Gray acabou sendo forçado a publicar a obra em 15 de fevereiro de 1751, a fim de impedir que um editor de revista publicasse uma cópia não licenciada do poema. O poema é uma elegia no nome, mas não na forma; emprega um estilo semelhante ao das odes 'contemporâneas', mas incorpora uma meditação sobre a morte e a lembrança após a morte. O poema argumenta que a lembrança pode ser boa e ruim, e o narrador encontra conforto ao refletir sobre a vida dos obscuros camponeses enterrados no cemitério. As duas partes do poema, Estâncias e Elegia, abordam a morte de forma diferente; a primeira contém uma resposta estóica à morte, mas a segunda contém um epitáfio que serve para reprimir o medo de morrer do narrador. Gray foi um escritor autocrítico que publicou apenas 13 poemas durante sua vida, apesar de ser muito popular. Sua escrita é convencionalmente considerada pré-romântica. O Castelo de Otranto e Shakespeare A primeira e mais óbvia ligação com William Shakespeare é apresentada pelo próprio Horace Walpole, no prefácio da segunda edição de Otranto, no qual "elogiou Shakespeare como um gênio verdadeiramente original e o exemplar de liberdade imaginativa". Em outras partes do prefácio, as diversas alusões de Walpole às obras de Shakespeare enfatizam ainda mais a conexão que ele deseja estabelecer entre sua própria obra e a de Shakespeare. Por exemplo, em Hamlet, o encontro de Hamlet com o Fantasma torna-se para Walpole um modelo de terror. Walpole apresenta uma "reformulação mais fragmentada" do Fantasma em Hamlet, que serviu como uma representação da "visão católica agora não sancionada, mas ainda popular, dos fantasmas como oradores da verdade" para Shakespeare. Os elementos católicos em jogo tanto em Hamlet quanto em Otranto são invocados para representar um sentimento adicional de admiração e mistério para o público protestante de ambas as obras. O elemento católico era uma faceta necessária do “modelo de terror” que Walpole pretendia invocar. A violenta questão da linhagem e da sucessão serve como elemento-chave em muitas das peças de Shakespeare, de Hamlet a Ricardo II e Macbeth, e é claramente uma das principais preocupações de Manfred. Ambos Hamlete Otranto são trampolins literários para a discussão das questões do casamento, já que a questão da anulação do casamento por Henrique VIII e do posterior casamento com Ana Bolena ainda eram temas acalorados de controvérsia. Henrique VIII casou-se com a esposa de seu irmão, Catarina de Aragão, e mais tarde dissolveu o casamento devido à incapacidade de Catarina de produzir um herdeiro homem que vivesse até a idade adulta. O seu desacordo com o Papa Clemente VII sobre tal anulação levou Henrique a iniciar a Reforma Inglesa, separando a Igreja da Inglaterra da autoridade papal. Impacto e adaptações Literário Otranto foi um sucesso estrondoso em sua época, até que o autor revelou que se tratava de uma ficção puramente satírica, e não de uma adaptação real de um texto medieval. Nesse ponto, os críticos e a população que o elogiaram se voltaram contra o livro, alegando que era superficial, e outros pejorativos geralmente atribuídos a romances românticos, que eram vistos como inferiores na Grã-Bretanha da época. A romancista Clara Reeve escreveu The Old English Baron (1777) como resposta, alegando que estava pegando o enredo de Walpole e adaptando-o às demandas da época, equilibrando elementos fantásticos com o realismo do século XVIII. Ela explicou: "Esta história é o fruto literário de O Castelo de Otranto, escrita segundo o mesmo plano, com o objetivo de unir as circunstâncias mais atraentes e interessantes do romance antigo e do romance moderno. Surgiu agora a questão de saber se eventos sobrenaturais que não fossem tão evidentemente absurdos como os de Walpole não levariam as mentes mais simples a acreditar que eram possíveis." Clara Reeve (23 de janeiro de 1729 - 3 de dezembro de 1807) foi uma romancista inglesa mais conhecida pelo romance gótico The Old English Baron (1777). Ela também escreveu uma história inovadora da ficção em prosa, The Progress of Romance (1785). Seu primeiro trabalho foi uma tradução do latim, então uma língua incomum para uma mulher aprender. Adaptações cinematográficas Jan Švankmajer dirigiu o curta surrealista Castle of Otranto (1977) baseado no romance. Jan Švankmajer (nascido em 4 de setembro de 1934) é um cineasta e artista tcheco cujo trabalho abrange diversas mídias. Ele é um surrealista autodenominado conhecido por suas animações e longas-metragens em stop-motion, que influenciaram muito outros artistas como Terry Gilliam. Alex

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