A Lenda Crianças Verdes de Woolpit A lenda das crianças verdes de Woolpit diz respeito a duas crianças de cor de pele incomum que supostamente apareceram na vila de Woolpit em Suffolk, em algum momento do século 12, talvez durante o reinado do Rei Stephen (25 de outubro de 1092 ou 1096 de 1154), frequentemente referido como Stephen de Blois, foi Rei da Inglaterra de 22 de dezembro de 1135 até sua morte em 1154. As crianças, irmão e irmã, tinham aparência normal, exceto pela cor verde da pele. Eles falavam uma língua desconhecida e comiam apenas vagens cruas. Com o tempo, aprenderam a comer outros alimentos e perderam a cor verde, mas o menino adoeceu e morreu logo depois que ele e a irmã foram batizados. Woolpit existe? Sim, a aldeia de Woolpit fica no condado de Suffolk, East Anglia, cerca de 11 km a leste da cidade de Bury St Edmunds. Durante a Idade Média, Bury St Edmunds fazia parte de uma das áreas mais densamente povoadas da Inglaterra rural. Dois escritores, Ralph de Coggeshall (morreu c. 1226) e William de Newburgh (c. 1136-1198), relataram a chegada repentina e inexplicável de duas crianças verdes à vila durante um verão no século XII. Ralph de Coggeshall era o abade de um mosteiro cisterciense em Coggeshall, cerca de 42 km ao sul de Woolpit. Cisterciense tem dois significados na História da Religião é relativo à ordem de Cister ou membro dessa ordem. Fundada no século XI, na Borgonha, expandiu-se pelo resto da França e por quase toda a Europa, no século XII, com São Bernardo de Claraval. Já na História da Arte cisterciense é o estilo, extremamente estrutural, sóbrio e despojado, da arte e da arquitetura desenvolvida pelos monges dessa ordem, em catedrais, igrejas e mosteiros. William de Newburgh era um cônego agostiniano de Newburgh Priory, no extremo norte de Yorkshire. Os relatos dos dois autores diferem em alguns detalhes. William de Newburgh afirma que o relato feito em sua Historia rerum Anglicarum (c. 1189) é baseado em "relatos de várias fontes confiáveis". Já o relato de Ralph de Coggeshall em seu Chronicum Anglicanum, escrito em algum momento durante a década de 1220, incorpora informações de Sir Richard de Calne que supostamente deu às crianças verdes refúgio em sua mansão, a 10 km ao norte de Woolpit. Quase nada se sabe sobre sua vida, mas De Calne era amigo de Ralph de Coggeshall. História Um dia, na época da colheita, de acordo com William de Newburgh durante o reinado do Rei Stephen, os moradores de Woolpit descobriram duas crianças, um menino e uma menina, ao lado de um dos poços de lobo que deram a aldeia seu nome - um poço de lobo era uma cova profunda na qual carniça era jogada para atrair lobos - a pele deles era verde, eles também falavam uma língua desconhecida e suas roupas eram desconhecidas e estranhas. Ralph de Coggeshall relata que as crianças foram levadas para a casa de Richard de Calne. Ralph e William concordam que os dois recusaram toda comida a eles oferidas por vários dias até que encontraram algumas vagens cruas, que consumiram com avidez. As crianças adaptaram-se gradualmente à alimentação normal e com o tempo perderam a cor verde. O menino, que parecia ser o mais novo dos dois, adoeceu e morreu logo depois que ele e a irmã foram batizados. Depois de aprender a falar inglês, a menina explicou que eles vieram de uma terra onde o sol nunca brilhava. William de Newburgh diz que as crianças chamavam sua casa de St Martin's Land; Ralph de Goggeshall acrescenta que tudo lá era verde. De acordo com a lenda as crianças estavam pastoreando o gado de seu pai quando ouviram um barulho alto de acordo com William de Newburgh, os sinos da catedral de Bury St Edmunds e de repente se encontraram perto do poço dos lobos onde foram encontrados. Ralph de Coggeshall diz que eles se perderam quando seguiram o gado até uma caverna e, depois de serem guiados pelo som dos sinos, acabaram emergindo em nossa terra. William de Newburgh diz que a menina acabou se casando com um homem de King's Lynn, cerca de 64 km de Woolpit, onde ela ainda morava pouco antes de ele escrever. De acordo com Ralph de Coggeshall, a menina foi empregada por muitos anos na casa de Richard de Calne, onde foi considerada "muito devassa e atrevida". Explicações Nem William de Newburgh, nem Ralph de Coggeshall oferecem uma explicação para o evento "estranho e prodigioso", como William o chama. No entanto, tais explicações continuam a ser buscadas e duas abordagens têm dominado as explicações do mistério das crianças verdes. A primeira é que a narrativa descende do folclore, descrevendo um encontro imaginário com os habitantes de um "mundo de fadas". Em algumas leituras modernas, este mundo é extraterrestre, e as crianças verdes são seres alienígenas. A segunda é que é um relato distorcido de um evento real, embora seja impossível ter certeza se a história como registrada é um relato autêntico dado pelas crianças ou uma "invenção adulta". Estudiosos de folclore do século XX, observaram que um elemento do relato das crianças, a entrada em uma realidade diferente por meio de uma caverna, parece ter sido bastante popular. Em um desenvolvimento moderno do conto, as crianças verdes são associadas aos Babes in the Wood, deixados para morrer após serem envenenados com arsênico por seu tio perverso (o arsênico explica sua coloração). Em outro as crianças fugindo da floresta em que foram abandonadas, possivelmente perto da floresta de Thetford, caíram nos fossos de Woolpit, onde foram descobertas. Outros comentaristas sugeriram que as crianças podem ter sido alienígenas ou habitantes de um mundo subterrâneo. Em um artigo de 1996 publicado na revista Analog, o astrônomo Duncan Lunan levantou a hipótese de que as crianças foram acidentalmente transportadas de seu planeta para Woolpit como resultado de um mau funcionamento do "transmissor de matéria". Lunan sugere que o planeta de onde as crianças vieram pode estar preso em órbita síncrona uma órbita em que um corpo orbital (geralmente um satélite) tem um período igual ao período rotacional médio do corpo orbitado (geralmente um planeta) e na mesma direção de rotação desse corpo. Segundo Lunan o planeta das crianças verdes orbita em torno de seu sol, apresentando as condições de vida apenas em uma estreita zona crepuscular entre uma superfície extremamente quente e um lado escuro e congelado. Ele explica a coloração verde das crianças como um efeito colateral do consumo de plantas alienígenas geneticamente modificadas comidas pelos habitantes do planeta. Explicações históricas Na época em que as crianças apareceram, inúmeros mercenários vindos das Terras de Flandres lutaram nas guerras britânicas. Muitos desses mercenários traziam consigo suas mulheres e filhos que os seguiam onde fosse necessário. Um grande número deles foi morto perto de Bury St Edmunds em 1173 na Batalha de Fornham, travada entre Henrique II e Robert de Beaumont, terceiro conde de Leicester, durante a Revolta de 1173–1174, que foi uma rebelião contra o rei Henrique II da Inglaterra por três de seus filhos, sua esposa Eleanor da Aquitânia e seus apoiadores. A revolta terminou em fracasso depois de dezoito meses; Os membros rebeldes da família de Henrique tiveram que se resignar ao seu governo contínuo e reconciliar-se com ele. Historiadores sugerem que os pais flamengos das crianças verdes morreram durante um desses conflitos para aumentar ainda mais as suspeitas dessa possibilidade, muitos desses mercenários que vieram combater, eram naturais de St. Martell, um nome incrivelmente próximo de St. Martin, a suposta terra mágica de onde as crianças verdes alegavam ter vindo. Eles podem ter fugido e, finalmente, vagado para Woolpit. Desorientados, perplexos e vestidos com roupas flamengas desconhecidas, as crianças teriam representado um espetáculo muito estranho para os aldeões de Woolpit. Tal explicação é plausível e a mais amplamente aceita, embora não sem suas dificuldades. Por exemplo, é improvável que um homem instruído como Richard de Calne não tivesse reconhecido a língua falada pelas crianças como sendo flamenca. A explicação do historiador Derek Brewer é ainda mais prosaica: "O provável cerne da questão é que essas crianças muito pequenas, pastoreando ou seguindo bandos, se afastaram de sua aldeia na floresta, falavam pouco e (em termos modernos) não sabiam o endereço de sua própria casa. Provavelmente sofriam de clorose, uma deficiência alimentar que dá à pele uma tonalidade esverdeada, daí o termo 'doença verde', com uma dieta melhor, essa tonalidade desaparece." Seria perfeitamente compreensível que as crianças de Woolpit fossem órfãos ou simplesmente tivessem sido abandonadas pelos seus pais e forçadas a sobreviver nas florestas dessa região selvagem. Na Idade Média o abandono de crianças em florestas era uma prática muito comum, sobretudo em épocas de grande privação. Legado O poeta e crítico anarquista inglês Herbert Read descreve a história das crianças verdes em seu English Prose Style, publicado em 1931, como "a norma a que todos os tipos de fantasia devem se conformar". As crianças verdes foram a inspiração para seu único romance, The Green Child, escrito em 1934. Uma adaptação de 1994 da história de Kevin Crossley-Holland conta-a do ponto de vista da garota verde. Alex

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