Salvador Allende - Chile a caminho do golpe
Salvador Guillermo Allende Gossens (Valparaíso, 26 de junho de 1908 – Santiago do Chile, 11 de setembro de 1973) foi um médico e político social-democrata chileno. Fundador do Partido Socialista local, governou seu país de 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado por seu chefe das Forças Armadas, o general Augusto Pinochet.
Participação cubana
Fidel Castro tinha uma posição cética (assim como a URSS) em relação às reformas promovidas por Allende, antes mesmo, na eleição presidencial de 1970, Castro manteve uma atitude cética em relação a uma possível vitória. Após a vitória, Allende restabelece relações diplomáticas com Cuba. O responsável pela abertura da embaixada cubana em Santiago foi Luis Fernández Oña, que assumiu a direção comercial.
Em 1971, Fidel Castro visitaria o Chile por 24 dias em vez dos 10 oficiais. De acordo com o guarda-costas de Castro, Juan Reinaldo Sánchez, Castro não acreditava em Allende, mas nos líderes do MIR.
Movimento de Esquerda Revolucionária, MIR, é um organização política de viés marxista-leninista e guevarista chilena. Foi fundada em 15 de agosto de 1965 e atuou como um movimento de tipo vanguardista dos setores operários e camponeses até a década de 1970. O MIR era bastante influenciado pelo modelo político surgido com a Revolução Cubana e o surgimento de movimentos guerrilheiros na América Latina.
Teve uma política de ação direta e armada desde 1967, deixando de lado essas ações durante o governo da Unidade Popular.. Durante a ditadura militar, o MIR voltou a protagonizar diversas ações de resistência popular ao regime repressivo. Em seu ápice, no ano de 1973, contava com aproximadamente 10 mil integrantes.
Uma das razões diretas do fracasso da "via chilena para o socialismo" deveu-se à situação geopolítica mundial de então, em plena Guerra Fria, com os Estados Unidos envolvidos na Guerra do Vietnã, não podendo admitir o nascimento de um segundo regime socialista na sua área de influência, após Cuba. As nacionalizações e estatizações adotadas pela Unidade Popular feriram diretamente os interesses de grandes corporações americanas, dentre elas a então poderosa ITT, que passou a pressionar o governo Richard Nixon "a tomar providências".
Um memorando interno da ITT detalhava os planos estadunidense: "A esperança mais realista dentre aqueles que desejam destituir Allende é que uma rápida deterioração da economia provoque uma onda de violência que provoque um golpe militar".
Rapidamente o governo americano submeteu o Chile a um bloqueio econômico informal, que impedia o Chile de obter empréstimos internacionais ou bons preços para o cobre, o seu principal produto de exportação. Isso foi denunciado por Allende num dramático discurso na ONU. Os Estados Unidos adotaram a estratégia de sufocar gradualmente a economia chilena até que um levante das Forças Armadas pusesse fim a "via chilena para o socialismo". Edward Korry, o embaixador estadunidense em Santiago, dizia: "não permitiremos que nenhuma porca e nenhum parafuso (americanos) cheguem ao Chile de Allende".
O Chile, tradicionalmente dependente de importações dos Estados Unidos, passou a ver suas indústrias e suas frotas de caminhões, tratores, ônibus e táxis serem progressivamente paralisadas por falta de peças de reposição.
Uma greve de proprietários de caminhões, financiada pela CIA, começou na primavera, em 9 de setembro de 1972, foi declarada pela Confederación Nacional del Transporte, então presidida por León Vilarín, um dos líderes do grupo paramilitar neofascista Patria y Libertad. Essa greve, por prazo indeterminado, impediu o plantio da safra agrícola 1972/73 no Chile.
Até 1973, os industriais chilenos mantiveram o Sistema de Asociaciones Civiles Organizadas, cujo objetivo era provocar o desabastecimento de gêneros de primeira necessidade no país.
Criou-se um clima de enfrentamento, provocado tanto pela esquerda extremista do MIR, treinado e apoiado por Cuba, como pela extrema direita do Patria y Libertad, entidade criada com o apoio da CIA, e cujos membros recebiam treinamento de guerrilha e bombardeio em Los Fresnos, no estado estadunidense do Texas.
Em março de 1973 ocorreram eleições parlamentares. A oposição, agrupada na CODE (Confederação da Democracia), queria obter dois terços do Congresso. Se conseguisse, poderia fazer uma acusação constitucional contra Allende e destituí-lo da presidência, mas a UP obteve 43,5% dos votos e o CODE 54,6%. Os partidos da Unidade Popular, ao apresentarem-se em lista única, conseguiram aumentar a sua representação em três deputados e um senador.
Não foram alcançados acordos com os Democratas-Cristãos (DC) devido à oposição do Partido Socialista (PS), embora o Partido Comunista, parceiro de coligação, tenha tentado chegar a um entendimento. O PS, juntamente com Carlos Altamirano, começaram a criar sérios problemas para Allende com suas ações e discursos inflamados.
Carlos Altamirano Orrego (18 de dezembro de 1922 - 19 de maio de 2019) foi um advogado e político socialista chileno, conhecido por seu polêmico papel como líder durante o governo da Unidade Popular (UP). O seu principal significado na história política do Chile foi, em primeiro lugar, promover a implementação do socialismo real por todos os meios necessários (1965-1973) e, em segundo lugar, ter liderado desde 1979 uma renovação ideológica do socialismo chileno que incluiu a administração de um capitalismo alternativo ao neoliberal.
Outra tentativa de aproximação foi proposta pelo cardeal Raúl Silva Henríquez, promovendo um diálogo entre Allende e o presidente do DC Patricio Aylwin, para buscar um acordo que pudesse superar esta situação. Mas o diálogo não prosperou.
Segundo o cardeal, o fracasso na busca de consenso deveu-se à intransigência da UP e à oposição ao diálogo expressada por Eduardo Frei, e à exigência de Patricio Aylwin de ministros militares com poderes muito amplos.
Allende considerou que se o golpe de Estado ainda não tinha ocorrido, foi porque a memória do Comandante René Schneider e da sua doutrina (segundo a qual as Forças Armadas devem respeitar rigorosamente a Constituição e as leis) o deteve.
Setores civis da oposição, especialmente mulheres, manifestaram-se em frente aos quartéis, atirando trigo e milho, insinuando que eram galinhas.
No entanto, o comandante-em-chefe era Carlos Prats, que não teria se curvado a um golpe de estado, portanto, se os outros ramos das forças armadas tentassem, poderiam eventualmente confrontar o Exército e tornar-se uma guerra civil.
Consequentemente, o Partido Comunista lançou a sua campanha "Não à Guerra Civil".
A violência nas ruas tornou-se cada vez mais intensa, aproximando-se da barreira das cem mortes devido à violência política durante o governo Allende. No dia 27 de junho, o general Carlos Prats se envolveu em um incidente confuso ocorrido enquanto viajava em seu veículo, quando começaram a insultá-lo de outro carro. Não conseguindo evitá-lo e lembrando-se do que aconteceu com o General Schneider, ele atirou no carro. Ao se verificar que o condutor do veículo era uma mulher e na presença da imprensa, Prats dirigiu-se para La Moneda, onde apresentou a sua demissão a Allende, que a rejeitou.
No dia 29 de junho, o regimento blindado nº 2, sob o comando do coronel Roberto Souper, realizou um levante militar contra o Governo, utilizando vários tanques, um porta-tanques e dois caminhões com quarenta homens cada. Os rebeldes tentaram tomar o Palácio de la Moneda, enfrentando pessoalmente as Forças da Guarnição lideradas pelo comandante-em-chefe Carlos Prats, que colocou sua vida em risco para obter a rendição dos rebeldes.
Os membros do Patria y Libertad, que incentivaram o golpe, refugiaram-se na embaixada do Equador. O resultado final desta tentativa deixou 22 mortos e 32 feridos, a maioria civis.
A URSS havia aprovado a entrega de armas ao Exército Chileno. No entanto, quando a notícia da tentativa do Exército de depor Allende através de um golpe de estado chegou às autoridades soviéticas, o carregamento foi redirecionado para outro país.
Em 27 de julho, o ajudante de campo naval do presidente, capitão Arturo Araya, foi assassinado por um comando do Patria y Libertad.
O crime chocou o país, mas ficou em segundo plano quando, no dia 7 de agosto, a Marinha informou ter descoberto uma tentativa de infiltração em suas fileiras. Os detidos declararam que planejavam assumir o comando da esquadra em 8 de agosto, matar os oficiais e suboficiais que não se juntassem a eles e bombardear Valparaíso. Confessaram também que mantinham reuniões periódicas com a presença de Carlos Altamirano, Óscar Garretón e Miguel Enríquez.
Logo surgiu outra versão, em que os marinheiros detidos se reuniram com lideranças de esquerda para denunciar tentativas de golpe na Marinha e que as confissões foram obtidas através de tortura. A Procuradoria Naval solicitou a retirada da imunidade dos dirigentes do PS e do MAPU por exortar as tropas à desobediência, pedido que seria ouvido no dia 11 de setembro no Tribunal de Apelações de Valparaíso.
Em 9 de agosto, Allende convocou novamente o exértito para integrarem o gabinete, desta vez com os quatro dirigentes das Forças Armadas, Carlos Prats (Defesa), Raúl Montero Cornejo (Tesouro), César Ruiz Danyau (Obras Públicas e Transportes ) e José María Sepúlveda (Terras e Colonização), no que chamou de “Gabinete de Salvação Nacional”.
O gabinete procurou resolver uma nova greve dos transportadores, que acusaram o Governo de não cumprir os compromissos assumidos após a greve de outubro, iniciada em 25 de julho. A greve estava causando sérios problemas de escassez, que duraram até o final do governo Allende. O próprio Presidente anunciou, no dia 6 de setembro, que "só sobrou farinha para três ou quatro dias."
O General Ruiz demitiu-se do seu cargo ministerial, argumentando que não tinha poderes suficientes para pôr fim à greve. Allende exigiu sua renúncia de ambos os cargos, ministro e comandante-em-chefe, assumindo em seu lugar o general Gustavo Leigh.
Crise Institucional
O Executivo começava a desenvolver um profundo conflito com o Judiciário, que ordenara a devolução de diversas empresas aos seus proprietários. Apoiadores do governo iniciaram uma campanha atacando a “merda velha” do Judiciário, Allende respondeu em junho ao Supremo Tribunal, argumentando que as autoridades não poderiam fornecer proteção policial indiscriminadamente, pois isso poderia levar a situações que ameaçariam a paz social e a ordem pública, pelo que as autoridades seriam obrigadas a ponderar o uso da força pública.
O Partido Nacional procurou destituir legalmente o presidente usando o artigo 43 da Constituição, a fim de declarar o impeachment do presidente e convocar novas eleições. Os democratas-cristãos duvidaram da constitucionalidade da manobra, mas foram convencidos pelo senador Luis Bossay a aplicar outra disposição constitucional, sobre os poderes de fiscalização da Câmara, para chegar a um acordo que seria comunicado ao presidente e aos seus ministros.
Em 22 de agosto, a Câmara dos Deputados aprovou o Acordo sobre a grave violação da ordem institucional e jurídica da República, em que o Governo foi acusado de ter incorrido em diversas violações, como aplicar medidas de controle econômico e político para depois estabelecer um sistema totalitário, violar garantias constitucionais, dirigir uma campanha de difamação contra o Supremo Tribunal, violar a liberdade de expressão, reprimir com violência os opositores e tentativa de infiltração política nas Forças Armadas.
O acordo terminava apelando aos ministros militares para que pusessem termo imediato às situações referidas.
O golpe foi planejado por praticamente todo o alto escalão da Marinha, exceto o almirante Raúl Montero, mas este ficou isolado e a Marinha obedeceu ao vice-almirante José Toribio Merino. O mesmo aconteceu na Força Aérea, exceto pelo general César Ruiz. Mas, quando ele se demitiu do Ministério de Obras Públicas e Transportes, Allende pediu sua renúncia a ambos os cargos, ministro e comandante, tendo o general Gustavo Leigh, um adversário, assumindo a posição militar em seu lugar ao governo. O Exército estava dividido, mas a balança mudava cada vez mais para a opção de um golpe.
No dia 21 de agosto, começou uma manifestação de esposas de generais em frente à casa de Prats, onde também chegaram vários policiais à paisana para protestar contra ele. Augusto Pinochet (considerado o "segundo" de Prats), Allende e seus ministros chegaram ao local.
Todo mundo foi vaiado. Prats deprimido e desiludido, pediu aos generais que reafirmassem sua lealdade a ele, como poucos o fizeram, resolveu renunciar ao comando em chefe.
Allende recomendou Pinochet, que tinha um longo currículo como soldado profissional e apolítico ao cargo, sendo nomeado comandante-em-chefe do Exército em 23 de agosto.
A promulgação da reforma constitucional nas três áreas da economia aprofundou a crise institucional. O Congresso rejeitou o veto do Presidente por maioria simples, Allende argumentou que a rejeição deveria ser de dois terços.
Foi sugerida a realização de um plebiscito para superar o impasse constitucional, mas Allende rejeitou a ideia. A Controladoria-Geral foi consultada sobre a possibilidade de aprovação parcial da reforma, nos aspectos em que não houve polêmica. A Controladoria rejeitou a promulgação parcial, mas não quis comentar quem acertou na interpretação do veto.
Allende recorreu ao Tribunal Constitucional, mas a instituição declarou-se incompetente para resolver a questão. Allende decidiu então tentar a solução plebiscitária que havia rejeitado anteriormente, mas desta vez interpretando-a como uma declaração sobre o seu governo. Em reunião no dia 9, Allende comunicou a Pinochet sua intenção de realizar um plebiscito. Nesse mesmo dia, Pinochet aderiu ao golpe.
O problema do Presidente era com os partidos da Unidade Popular, não teriam aceitado a ideia de um plebiscito.
O Partido Socialista sustentou que seria uma renúncia às conquistas alcançadas. Uma fração da MAPU e da Esquerda Cristã dentro do comite apoiou a posição socialista, e o MIR ficou tão indignado com a ideia que os seus membros deixaram de o chamar de “camarada”, referindo-se a ele como “senhor”.
O único reduto de Allende era, naquela época, o MAPU Obrero y Campesino, uma seção moderada, o Partido Radical, e principalmente o Partido Comunista, que partilhava a sua ideia do “caminho pacífico para o socialismo ”.
Allende tentou novamente a ideia de um plebiscito no início de setembro, mas a intransigência do Partido Socialista permaneceu.
Orlando Letelier, ministro da Defesa, convenceu o PS a retirar o seu veto, mas o movimento ocorreu na noite de 10 de setembro, com o golpe em curso.
Durante a noite de 10 para 11 de setembro, Allende discutiu com seus ministros e assessores um discurso à nação para convocar um plebiscito.
Na mensagem anunciaria que iria tramitar com urgência a discussão dos projetos legislativos considerados nas negociações com o DC. Se houvesse acordo para aprovar os projetos, seriam promulgadas as reformas constitucionais ainda pendentes. Se não se chegasse a um acordo, seria convocado um referendo.
Este apelo, pensou Allende, eliminaria a tensão com os militares.
Alex
Stephen Hillenburg - Carreira antes do Bob Esponja Stephen McDannell Hillenburg (Lawton, 21 de agosto de 1961 — San Marino, 26 de novembro de 2018) foi um animador, roteirista, cartunista e biólogo marinho americano, mais conhecido por ser o criador do desenho animado Bob Esponja Calça Quadrada, além de trabalhar com Joe Murray no desenho A vida moderna de Rocko, e com Arlene Klasky em Rugrats (Os anjinhos) como roteirista. Primeiros trabalhos Hillenburg fez seus primeiros trabalhos de animação, curtas-metragens The Green Beret (1991) e Wormholes (1992), enquanto estava na CalArts. The Green Beret era sobre uma escoteira com punhos enormes que derrubava casas e destruía bairros enquanto tentava vender biscoitos. Wormholes foi seu filme de tese de sete minutos, sobre a teoria da relatividade. Ele descreveu este último como "um filme de animação poético baseado em fenômenos relativísticos" em sua proposta de bolsa em 1991 para a Princess Grace Foundation, que auxilia arti...
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