O que é o Hamas? As origens Hamas (lit. 'zelo', 'fervor' ou 'entusiasmo', acrónimo parcial de Ḥarakat al-Muqāwamat al-Islāmiyyah, "Movimento de Resistência Islâmica") é um movimento fundamentalista islâmico palestino, que resiste à ocupação sionista e está intelectualmente ligado à Irmandade Muçulmana, mas anunciou seu desligamento organizacional da Irmandade em 2017 e se transformou em uma organização palestina independente. O Hamas tem uma ala de serviço social, Dawah, e uma ala militar, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. É classificada como organização terrorista pelos Estados Unidos,Israel, União Europeia, Grã-Bretanha, Japão, Canadá, Austrália e pela Organização dos Estados Americanos. A Nova Zelândia e o Paraguai designaram apenas o seu braço militar como organização terrorista. Não é considerada organização terrorista pelo Brasil, China, Egito, Irã, Noruega, Catar, Rússia, Síria e Turquia. Em Dezembro de 2018, uma resolução para condenar o Hamas como organização terrorista não foi aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas. O movimento considera a terra da Palestina uma doação islâmica e uma pátria histórica para os palestinianos, tendo Jerusalém como capital. O Hamas depende do Conselho Shura na tomada de decisões. Shura (lit.  'consulta') pode, por exemplo, assumir a forma de um conselho ou referendo. O Alcorão encoraja os muçulmanos a decidirem os seus assuntos em consulta mútua. O Hamas limita a sua resistência apenas contra a ocupação israelense e não tem conflito contra mais nenhum país ou organização. As origens do Hamas remontam à Irmandade Muçulmana. A irmandade Muçulmana é uma organização islâmica sunita transnacional fundada no Egito pelo professor e imã - uma posição de autoridade Islâmica - Hassan al-Banna em 1928. Os ensinamentos de Al-Banna espalharam-se muito além do Egito, influenciando até hoje vários movimentos islâmicos, desde organizações de caridade a partidos políticos. Em 1935, a Irmandade Muçulmana, estabeleceu contatos no Mandato Britânico da Palestina - uma entidade geopolítica sob administração britânica que foi criada com a Partilha do Império Otomano após o final da Primeira Guerra Mundial. A administração civil britânica na Palestina operou de 1920 a 1948 - e em 1945 abriu a sua primeira filial em Jerusalém . Ayesh Amira fundou a primeira filial da Irmandade em Gaza . Quando Israel ocupou os territórios palestinos em 1967, a Irmandade Muçulmana não esteva ativamente envolvida na resistência, preferindo concentrar-se na reforma social e religiosa e na restauração dos valores islâmicos. Esta visão mudou no início da década de 1980 e as organizações islâmicas tornaram-se mais envolvidas na política palestina. Esta transformação foi impulsionada por Ahmed Yassin, um refugiado palestino de Al-Joura. De origem humilde e tetraplégico, ele perseverou para se tornar um dos líderes da Irmandade Muçulmana em Gaza. O seu carisma e convicção trouxeram-lhe um grupo leal de seguidores e, como tetraplégico, dependia deles para tudo – desde alimentá-lo, transportá-lo para eventos e comunicar a sua estratégia ao público. Em 1973, Ahmed Yassin fundou a Sociedade Religiosa Social de Caridade ("o Centro Islâmico") em Gaza como um ramo da Irmandade Muçulmana. As autoridades israelenses encorajaram a expansão da instituição de caridade de Yassin porque a viam como um contrapeso útil à secular Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Yitzhak Segev, o governador militar israelense de Gaza na época, afirmou que eles financiaram sua instituição de caridade; o responsável pelos assuntos religiosos israelitas em Gaza, Avner Cohen, concluiu mais tarde com pesar que o Hamas foi criado através de Israel. Ele afirmou que “ alertou seus superiores contra o apoio aos islâmicos”. Em 1984, Yassin foi preso depois que os israelenses descobriram que seu grupo havia estocado armas, mas ele foi libertado em maio de 1985 como parte de uma troca de prisioneiros. Ele continuou a expandir o escopo de sua caridade em Gaza. Após a sua libertação, ele estabeleceu o Al-Majd (Sistema de Jihad e Pregação), liderado pelos ex-líderes estudantis Yahya Al-Sinwar e Rawhi Mushta, encarregado de cuidar da segurança interna e caçar infiltrados pelos serviços de inteligência israelenses. Mais ou menos na mesma altura, o antigo líder estudantil Salah Shehadeh (1952-2002) fundador do primeiro aparato militar do que ficou conhecido como os “Mujahideen Palestinos” e mais tarde como Brigadas Izz al-Din al-Qassam, ordenou a tomada de posse de Gaza, mas as autoridades israelitas rapidamente prenderam os seus militantes e confiscaram as suas armas. O Hamas foi fundado em 15 de dezembro de 1987, durante a primeira intifada que eclodiu de 1987 a 1993. A intifada começou em 9 de dezembro de 1987, no campo de refugiados de Jabalia, depois que um caminhão das Forças de Defesa de Israel (IDF) colidiu com um carro civil, matando quatro trabalhadores palestinos. A Primeira Intifada ou Primeira Intifada Palestina, foi uma série sustentada de protestos e motins violentos realizados por palestinos nos Territórios Palestinos e em Israel. Foi motivada pela frustração coletiva palestiniana relativamente à ocupação militar israelita da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, à medida que se aproximava da marca dos vinte anos, tendo começado após a vitória de Israel na Guerra Árabe-Israelense de 1967. A revolta durou de Dezembro de 1987 até à Conferência de Madrid de 1991, embora alguns datem a sua conclusão em 1993, com a assinatura dos Acordos de Oslo. Nas eleições parlamentares palestinas de janeiro de 2006, o Hamas obteve a maioria no Parlamento da Autoridade Nacional Palestina, derrotando o Fatah, afiliado à OLP. Após as eleições, o Quarteto (União Europeia, Rússia, Nações Unidas e Estados Unidos) condicionou a futura assistência externa à ANP ao compromisso da ANP com a não violência, ao reconhecimento do Estado de Israel e à aceitação de acordos anteriores. O Hamas rejeitou essas condições, o que levou o Quarteto a suspender o seu programa de assistência externa e Israel a impor sanções econômicas à administração liderada pelo Hamas. Em Março de 2007, foi formado brevemente um governo de unidade nacional liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh do Hamas, mas este não conseguiu reiniciar a assistência financeira internacional. As tensões sobre o controle das forças de segurança palestinas logo eclodiram na Batalha de Gaza em 2007, confrontos ocorridos entre 12 e 14 de junho de 2007, entre as forças do Fatah e do Hamas, após as eleições de 2006. Na sequência, o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, enquanto seus funcionários foram destituídos de cargos governamentais na Cisjordânia. Israel e o Egito impuseram então um bloqueio econômico à Faixa de Gaza alegando que as forças do Fatah já não proporcionavam segurança naquele local. Alex