Fernando Pessoa - Retorno a Portugal, início de carreira e morte Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, Mártires, 13 de junho de 1888 – Lisboa, Santa Catarina, 30 de novembro de 1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Fernando Pessoa foi educado em Durban, Africa do Sul. Enquanto a família permaneceu na África do Sul, Pessoa regressou a Lisboa em 1905 para estudar diplomacia. Após um período de doença e dois anos de maus resultados, uma greve estudantil contra a ditadura do primeiro-ministro João Franco pôs fim aos seus estudos formais. João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco (Alcaide, Fundão, 14 de fevereiro de 1855 — Lisboa, 4 de abril de 1929) foi um dos políticos mais dominantes da fase final da monarquia constitucional portuguesa. Pessoa tornou-se um autodidata, um leitor devoto que passava muito tempo na biblioteca. Em agosto de 1907, ele começou a trabalhar na RG Dun & Company (atual Dun & Bradstreet) uma agência americana de informações mercantis. A sua avó faleceu em setembro e deixou-lhe uma pequena herança, que gastou na criação da sua própria editora, a "Empreza Ibis". O empreendimento não teve sucesso e foi encerrado em 1910, mas o nome Ibis, a ave sagrada do Antigo Egito, continuaria sendo uma importante referência simbólica para ele. Pessoa regressou aos seus estudos formais incompletos, complementando a sua educação britânica com o estudo autodirigido da cultura portuguesa. A atmosfera pré-revolucionária que rodeou o assassinato do rei Carlos I e do príncipe herdeiro Luís Filipe em 1908, e a explosão patriótica resultante da bem sucedida revolução republicana em 1910, influenciaram o desenvolvimento do escritor emergente; tal como o seu tio adotivo, Henrique dos Santos Rosa, poeta e militar reformado, que apresentou ao jovem Pessoa a poesia portuguesa, notavelmente os românticos e simbolistas do século XIX. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa de Durban, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. Das quatro obras que publicou, três são na língua inglesa e apenas uma em língua portuguesa, intitulada Mensagem. Em 1912, Fernando Pessoa entrou no mundo literário com um ensaio crítico, publicado na revista cultural A Águia, que desencadeou um dos mais importantes debates literários do mundo intelectual português do século XX: a polêmica sobre um super- Camões. Em 1915 um grupo de artistas e poetas, incluindo Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, criou a revista literária Orpheu, que introduziu a literatura modernista em Portugal. Apenas dois números foram publicados (janeiro-fevereiro-março e abril-maio-junho de 1915), o terceiro não apareceu devido a dificuldades de financiamento. Perdido durante muitos anos, este número foi finalmente recuperado e publicado em 1984. Entre outros escritores e poetas, a Orpheu publicou o heterônimo modernista de Pessoa, Álvaro de Campos. Juntamente com o artista Ruy Vaz, Pessoa fundou também a revista de arte Athena (1924–25), na qual publicou versos sob os heterônimos Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Fernando Pessoa desenvolveu intensa atividade como escritor, crítico literário e analista político, colaborando nos periódicos e jornais: A Águia (1912–13), A República (1913), Theatro (1913)), A Renascença (1914), O Raio (1914), A Galera (1915), Orpheu (1915), O Jornal (1915), Eh Real! (1915), Exílio (1916), Centauro (1916), A Ideia Nacional (1916), Terra Nossa (1916), O Heraldo (1917), Portugal Futurista (1917), Acção (1919–20), Ressurreição (1920) , Contemporânea (1922–26), Athena (1924–25), Diário de Lisboa (1924–35), Revista de Comércio e Contabilidade (1926), Sol (1926), O Imparcial (1927), Presença (1927–34) , Revista Solução Editora (1929–1931), Notícias Ilustrado (1928–30), Girassol (1930), Revolução (1932), Descobrimento (1932), Fama (1932–33), Fradique (1934) e Sudoeste (1935). Pessoa, o flâneur Flâneur é un substantivo francês que significa "errante", "vadio", "caminhante" ou "observador". O flâneur era, antes de tudo, um tipo literário do século XIX, na França, essencial para qualquer imagem das ruas de Paris. A palavra carregava um conjunto rico de significados correlatos: o homem do lazer, o malandro, o explorador urbano, o conhecedor da rua. Foi Walter Benjamin, baseando-se na poesia de Charles Baudelaire, que fez dessa figura um objeto de interesse acadêmico no século XX, como um emblemático arquétipo da experiência moderna. Seguindo Benjamin, o flâneur tornou-se um símbolo importante para estudiosos, artistas e escritores. De 1905 a 1920, quando sua família retornou de Durban após a morte de seu padrasto, ele morou em quinze locais diferentes da cidade, mudando de um quarto alugado para outro dependendo de suas finanças flutuantes e problemas pessoais. Pessoa adotou a perspectiva distanciada do flâneur Bernardo Soares, um dos seus heterônimos. Esse personagem era supostamente um contador, trabalhando para Vasques, chefe de um escritório localizado na Rua dos Douradores. Soares também supostamente morava na mesma rua do centro da cidade, mundo que Pessoa conhecia muito bem, de 1907 até à sua morte em 1935, Pessoa trabalhou em vinte e uma empresas localizadas na baixa de Lisboa, por vezes em duas ou três delas em simultâneo. No Livro do Desassossego, Bernardo Soares descreve alguns destes locais típicos e descreve a "atmosfera" de cada um. Morte Fernando Pessoa foi internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, com diagnóstico de "cólica hepática" causada por cálculo biliar associado a cirrose hepática, diagnóstico que é hoje contestado por estudos médicos, embora o excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida seja consensualmente considerado como um importante fator causal. Segundo um desses estudos, Pessoa não revelava alguns dos sintomas mais típicos de cirrose hepática, tendo provavelmente sido vítima de uma pancreatite aguda ou, de acordo com o seu assento de óbito, "obstrução intestinal". Legado Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras vidas através dos seus heterônimos, o que foi a sua principal característica e motivo de interesse pela sua pessoa, aparentemente muito pacata. Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu ou se tudo não teria passado de um produto, entre tantos, da sua vasta criação. Ao tratar de temas subjetivos e usar a heteronímia, torna-se enigmático ao extremo. Este fato é o que move grande parte das buscas para estudar a sua obra. O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa". Escreveu sempre, desde o primeiro poema aos sete anos, até ao leito de morte. Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que a sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa: nas próprias palavras do heterónimo Bernardo Soares, "a minha pátria é a língua portuguesa". O mesmo empenho é patente nesta carta: O poeta mexicano Octavio Paz, laureado com o Nobel de Literatura, diz que "os poetas não têm biografia. A sua obra é a sua biografia" e que, no caso de Fernando Pessoa, "nada na sua vida é surpreendente — nada, exceto os seus poemas". Em The Western Canon, Harold Bloom incluiu-o entre os cânones ocidentais, no capítulo Borges, Neruda e Pessoa: o Whitman Hispano-Português (p. 451, 1995). Na comemoração do centenário do nascimento de Pessoa, em 1988, o seu corpo foi trasladado para o Mosteiro dos Jerónimos, confirmando o reconhecimento que não teve em vida. Na sua residência na Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, Lisboa, foi criada a Casa Fernando Pessoa. Alex Alex

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