Revolução Chinesa A Revolução Chinesa pode ser dividida em dois períodos: o movimento nacionalista que derrubou a dinastia Qing, em 1911, proclamando a República da China (conhecida por Revolução Nacionalista ou Revolução de Xinhai), uma revolução chefiada por Sun Yat-sen, fundador do Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês), e primeiro presidente das Províncias Unidas da China; e a Revolução Comunista de outubro de 1949 concluída após a Guerra Civil Chinesa, em que os comunistas tomam o poder e proclamam a República Popular da China, sendo Mao Tse-tung o líder supremo. Com o início da Era Mao Tse-tung, a China passou por uma série de reformas como, por exemplo, coletivização das terras, controle estatal da economia e nacionalização de empresas estrangeiras. Nesse texto trataremos da revolução comunista. Revolução Comunista A vitória da Revolução Russa em 1917, influenciou na criação do Partido Comunista Chinês (PCC), cujos principais fundadores foram o intelectual Chen Duxiu, o educador Peng-Pai e o ativista político Mao Tse-tung. Em 1924, Sun Yat-sen, precursor da revolução democrática e fundador do Kuomintang, começou a cooperar ativamente com o Partido Comunista, formando a Primeira Frente Unida[1], organizando as massas operárias e camponesas para a Expedição do Norte. Após o falecimento de Sun Yat-sen, seu sucessor, Wang Jingwei, enfrentava atritos com o líder militar Chiang Kai-shek, que se vinculara a um velho aliado das potências estrangeiras, Zhan Jing-jiang, o banqueiro de Xangai. O grupo direitista do Kuomintang, com Chiang Kai-shek como representante, passa a controlar o Partido Nacionalista Chinês. Disposto a submeter os chefes militares locais e impor-se ao país todo, Chiang Kai-shek contou com a colaboração dos comunistas em suas campanhas militares de reunificação da China, empreendidas entre 1925 e 1928. O apoio ao Kuomintang era uma orientação da Internacional Comunista, que havia aclamado Chiang Kai-shek como um de seus dirigentes honorários – apesar do anticomunismo do líder chinês. O PCC aceitou disciplinadamente essa decisão. No entanto, o PCC apresentava algumas divisões internas. Alguns achavam que a revolução seria feita a partir das cidades, tendo como núcleo a classe operária. Por sua vez, Mao Tse-tung e outros dirigentes consideravam que a revolução deveria partir dos camponeses, maioria absoluta da população. Em março de 1927, uma rebelião de trabalhadores em Xangai, liderada especialmente por comunistas, permite a tomada da cidade como parte da Expedição do Norte.[1] O exército do Kuomintang chega após o fato, encontrando Xangai nas mãos dos trabalhadores e dos comunistas. Em abril, sentindo-se mais seguro no poder, Chiang Kai-shek ordena o massacre dos comunistas em Xangai e em outras cidades. Com o objetivo de neutralizar a influência dos comunistas no KMT, Chiang Kai-shek rompe com a Primeira Frente Unida[2] pela violência, operando uma ofensiva brutal, que resultou em 300 mortes e cerca de 5.000 oficiais "desaparecidos." O expurgo generalizado é decretado contra os comunistas dentro do Kuomintang. A ruptura com o Comintern (Terceira Internacional) é consumada: os conselheiros soviéticos do Kuomintang devem gradualmente deixar o país, e abandonam os comunistas chineses à sua sorte. No início, a atitude de Chiang provocou uma divisão do KMT. O KMT "de esquerda," dirigido pelo sucessor de Sun Yat-sen, Wang Jingwei, formou um governo "opositor" em Wuhan. Os comunistas o apoiaram, e entraram nesse governo. Entretanto, em julho, Wang Jingwei, impotente ante Chiang rompe com os comunistas e apoia o governo em Nanquim que foi declarada capital em 1927. Levante comunista e a Longa Marcha Em 1 de Agosto de 1927, tropas dos adeptos do PCC, liderados particularmente por Zhou Enlai, rebelaram-se em Nanchang: os destacamentos rebeldes formaram os primeiros elementos do Exército Vermelho Chinês. Em 7 de Setembro, Mao Tse-tung liderou uma revolta de camponeses em Hunan e Jiangxi, onde estabeleceu um soviete:[3] a revolta foi esmagada pelas tropas nacionalistas, mas Mao consegue escapar. Camponeses rebeldes assumem o controle de várias regiões do sul da China. Em 11 de dezembro, em Cantão, uma revolta toma o controle da cidade e estabelece um soviete, mas é esmagado com ferocidade pelo exército três dias depois. O fracasso das tentativas de insurreição operária acabou fortalecendo o grupo de Mao, pois, para escapar ao massacre nas cidades, os comunistas refugiaram-se nos campos, onde organizavam guerrilhas contra os ataques de Chiang Kai-shek. Em 1928, a Expedição do Norte termina com a tomada de Pequim, simbolizando a unificação da China sob novo governo, que mantém a capital em Nanquim; o Kuomintang reclama soberania sobre toda a República da China e o seu governo é reconhecido internacionalmente. Assim, os grandes proprietários, os "senhores da guerra" e até a máfia passaram a apoiar Chiang e o KMT. Para solidificar sua autoridade e ao mesmo tempo combater o maoísmo, Chiang Kai-shek estabelece uma série de acordos com os senhores da guerra e aproxima-se da Alemanha Nazista, que lhe fornece equipamentos militares, instrutores qualificados, e um número razoável de aviões de guerra com o objetivo de fustigar os comunistas nas montanhas longínquas. Este alinhamento com a Alemanha acabou quando o Japão, aliado preferencial de Hitler, atacou a China em 1937. O generalíssimo Chiang Kai-shek buscaria então o auxílio dos Estados Unidos, interessados por sua vez em impedir a expansão nipônica no Extremo Oriente. Em 1930, a guerra China-Japão, distrai o exército governamental, e dá aos comunistas mais liberdade para organizar o seu controle sobre as áreas "vermelhas". De novembro de 1930 a janeiro de 1931, as tropas nacionalistas tentam romper com uma campanha de cerco aos comunistas no território do sul de Jiangxi, mas são repelidos pelas forças comunistas, que se revelaram muito melhor equipadas e treinadas do que simples guerrilheiros. Em setembro de 1931, o governo chinês está desestabilizado pela invasão japonesa da Manchúria. Os comunistas aproveitam a oportunidade para reforçar a sua organização e em 7 de novembro de 1931, os territórios descontínuos das regiões comunistas são oficialmente unidos sob a autoridade da República Soviética da China, com Mao Tse-tung como presidente. A área evolui abrangendo 30 000 quilômetros quadrados e uma população de 3 milhões de habitantes. Entre 1931 e 1934, o Exército Nacional Revolucionário do Kuomintang realiza quatro novas campanhas de cerco contra o território comunista de Jiangxi, Henan, Hubei, Anhui, Shaanxi e Gansu. A última campanha, ordenada pessoalmente por Chiang Kai-shek, vê a vitória dos nacionalistas: de setembro 1933 a outubro de 1934, aproximadamente um milhão de homens são enviados para perseguir a República Soviética da China. As lutas entre os dois blocos aumentariam de intensidade e se prolongarão até 1936. As várias campanhas de "cerco e aniquilamento dos bandidos vermelhos" fracassaram, até que, em outubro de 1934, cerca de 100 mil comunistas tiveram de abandonar a região de Jiangxi. Foi o inicio de um dos episódios marcantes dessa guerra: a Longa Marcha, uma caminhada de 12 mil quilômetros atravessando onze províncias e travando combates incessantes, que o principal líder comunista, Mao Tse-tung, empreendeu com mais de 100 mil pessoas em direção ao noroeste do país com o objetivo de escapar ao cerco inimigo. Durante essa caminhada, muitos camponeses, que haviam se transformado na principal base de apoio dos comunistas morreram. Apenas 9 mil chegaram ao destino final, a província de Shaanxi, onde se ergueu o quartel-general das tropas comunistas. Revolução Comunista Com o final da Segunda Guerra, os japoneses foram expulsos do território chinês e as tropas de Chiang Kai-shek, com o apoio bélico dos Estados Unidos, lançaram uma ofensiva contra os "vermelhos" de Mao Tse-tung. Em dezembro de 1945, o General George Marshall, representando o governo norte-americano, procurou conciliar comunistas e nacionalistas, cujas divergências ameaçavam a unidade chinesa. A conferência consultiva, realizada em janeiro de 1946, porém, resultou improfícua e o governo de coalizão dirigido por Chiang Kai-shek não contou com a participação dos comunistas e da Liga Democrática, que recusaram a aceitar a Constituição. O fracasso das negociações leva ao reinicio das hostilidades, que demonstrariam a fraqueza dos exércitos nacionalistas e a incapacidade do Kuomintang para conduzir a nação, apesar da ajuda prestada pelos EUA. Em julho de 1946 pôs-se em marcha a ofensiva contra os "vermelhos", com um exército enorme, apoiados por 500 aviões, pilotados majoritariamente por oficiais norte-americanos. O Kuomintang era militarmente mais forte nas cidades, enquanto os comunistas tinham maior força nos campos. A estratégia do líder comunista Mao Tsé-Tung foi a de cercar as cidades a partir dos campos. Os comunistas tiveram grande apoio da população pobre que tinha enorme repugnância diante do exército e do governo de Chiang devido à enorme corrupção do mesmo e o seu mau desempenho durante a guerra contra o Japão; além disso, este era considerado um agente direto dos Estados Unidos, e isto num país que levara mais de um século lutando contra as potências estrangeiras era um ponto desfavorável. Durante o primeiro ano do conflito, as tropas nacionalistas obtiveram ganhos territoriais, incluindo a capital comunista de Yan'an. Entretanto, logo em seguida, o moral do Kuomitang começou a desmoronar face às bem-sucedidas operações militares dos comunistas, diminuindo a confiança em sua administração, e no final de 1947 uma vitoriosa contra-ofensiva comunista estava a caminho. Em novembro de 1948, Lin Piao completou a conquista da Manchúria, onde os nacionalistas perderam meio milhão de homens, muitos dos quais desertaram para o lado comunista. Em 1948, quase toda a China do Norte estava em poder dos comunistas, que, no inicio de 1949, ocuparam Tientsin e Pequim, além de dominarem a região central do país. Chiang Kai-shek demitiu-se em janeiro de 1949, entregando o poder ao General Li Tsung-jen. Isso não facilitou as negociações com os comunistas, que exigiam a formação de um governo de coalizão sob a chefia de Mao Tse-tung. A queda de Xangai, Nanquim e Cantão representava a liquidação dos exércitos nacionalistas, agravada pela atitude dos EUA, que em agosto de 1949 anunciavam a cessação de qualquer ajuda ao Kuomintang. Mesmo sem a ajuda da maior potência comunista, a União Soviética, dirigida na época por Stalin, as forças de Mao conseguiram a vitória. Em 1° de outubro de 1949, conquistaram o poder e proclamaram a República Popular da China, sendo instalada a Conferência Consultiva do Povo, que elaborou o programa do novo governo, presidido por Mao Tse-tung, sendo Zhou Enlai Presidente do Conselho e Ministro do Exterior. Era Mao Tse-tung (1949-1976) A China continental foi então, reorganizada nos moldes comunistas, com apoio soviético. As mais importantes das primeiras ações do governo Mao foram a nacionalização dos grandes meios de produção e a oficialização do PCC (Partido Comunista Chinês). Os contrarrevolucionários sofrem brutal repressão: cinco milhões foram mortos em dois anos. Em 1950, a China assinou um tratado de amizade com a URSS. Nesse mesmo ano, os chineses ocuparam o Tibete, que foi anexado como província. Tropas chinesas também participaram da Guerra da Coreia (1950-1953), combatendo ao lado da Coreia do Norte (sob regime comunista), contra os EUA e a Coreia do Sul. Entre 1953-1958 a China implanta seu primeiro plano quinquenal com apoio dos técnicos soviéticos, que deu grande impulso à indústria e a agricultura (esta coletivizada a partir de 1949). Entretanto, a morte do ditador soviético Josef Stalin, nesse ano, provocou mudanças de rumo no Partido Comunista da URSS (a "desestalinização"), que levou o regime de Mao a enfatizar sua autonomia em relação a Moscou. Em 1956, começaram as criticas ao governo, Mao Tse-tung então faz uma abertura cultural, o chamado Movimento Desabrochar de Cem Flores ou Campanha das Cem Flores (1956-1957), estimulando a liberdade de expressão e formação de opinião sobre o seu governo e a diminuição do poder da burocracia partidária. As criticas, no entanto, ultrapassaram os limites que Mao se dispôs a tolerar, e após um ano, o regime reage com a Campanha Antidireitista, que mandou prender todos os da oposição: "Dei a liberdade para que as serpentes colocassem suas cabeças para fora", foi à célebre frase de Mao em 1956. Após um ano de liberdade a economia não melhorou. Mao acabou com a oposição e voltou a governar da mesma forma autoritária. Após a ruptura com o governo soviético (1958), a China realiza o segundo plano quinquenal, chamado de o "Grande Salto para Frente," um projeto utópico que pretendia transformar a China em um país desenvolvido num tempo recorde. Outra proposta desse projeto era construir a sociedade igualitária preconizada pelo comunismo. Os camponeses seriam obrigados a se juntarem em gigantescas comunas agrícolas, as "comunas populares," de até 20 mil famílias cada uma. Siderúrgicas improvisadas com tecnologia rudimentar foram instaladas por toda a parte. O "Grande Salto" foi um tremendo fracasso, que levou a desorganização total da economia e provocou a morte de milhões de camponeses por causa da fome. Com o fracasso do Grande Salto, Mao é afastado da direção da República retornando às vésperas da Revolução Cultural Chinesa, que durará entre 1966-1976. O conflito ideológico sino-soviético, transformou-se num debate sobre a estratégia revolucionária, ao qual não faltaram acusações mutuas. Os chineses não aceitavam as teses de Kruschev sobre a coexistência pacífica entre capitalismo e comunismo e defendiam as teses stalinistas sobre a separação ideológica e política dos dois blocos rivais. Após o afastamento de Kruschev (outubro de 1964), a tensão entre os dois países abrandou temporariamente. No mesmo mês a China explodiu sua primeira bomba atômica, ingressando, assim, no "Clube Atômico," até então integrado pelos EUA, URSS, Inglaterra e França. Em 1966, intensificou-se em todo o país, sob a liderança da Guarda Vermelha (organização da juventude comunista), a chamada "Revolução Cultural," movimento destinado a combater o revisionismo, as influências capitalistas no Partido Comunista e devolver a Mao Tse-tung a hegemonia no Partido Comunista e no Estado chinês. Uma tentativa autoritária de doutrinara população e livrar a sociedade chinesa da influência ocidental, considerada nociva. Em 1973 o banqueiro americano, David Rockefeller, elogiou os resultados da revolução chinesa declarando: "(...) Qualquer que tenha sido o preço da revolução chinesa, obviamente teve êxito não só produzindo uma administração mais dedicada e eficiente senão inclusive no fomento de uma alta moral e propósito comunitário. (...) A experiência social na China, sob a liderança de Mao, é uma das mais importantes e bem sucedidas na história humana. Quem foi Mao Tse-Tsung, o que foi a Revolução Cultural e os motivos dos conflitos ideológicos sino-soviéticos serão temas de outros textos. Notas Expedição do Norte e a Frente Unida A Expedição do Norte (1926–1928) foi uma campanha militar do Exército Nacionalista Chinês, dirigida por Chiang Kai-shek, que avançou pelo norte desde Cantão até o Rio Azul, enfrentando os poderosos senhores feudais.Forma-se a Frente Unida (ou Aliança KMT-PCC) foi formada pelo Kuomintang (KMT) e pelo Partido Comunista Chinês (PCC) em 1924. como uma aliança, em troca de ajuda militar e organizacional soviética a fim de unificar o governo da República da China, depois que o país mergulhou na desordem durante o período dos senhores da guerra da China. Juntos, formaram o Exército Nacional Revolucionário Chinês e definiram em 1926, a Expedição do Norte. O PCC se juntou ao KMT fazendo uso da superioridade do KMT em números para ajudar a espalhar o comunismo. O KMT, por outro lado, queria controlar os comunistas de perto. Ambas as partes tinham seus próprios objetivos, por isso a Frente seria insustentável. A aliança entre os comunistas e os nacionalistas desintegrou-se quando os sindicatos comunistas capturaram Xangai e Kai-shek atacou e reprimiu-os, e após instaurar o seu novo governo em Nanquim os expulsou, dando por terminada a dita coligação. Sovietes Sovietes são colegiados, ou corpos deliberativos, constituídos de operários ou membros da classe trabalhadora que regulam e organizam a produção material de um determinado território ou indústria. Este termo é comumente usado para descrever trabalhadores governando a si mesmos, sem patrões, em regime de autogestão. Escreverei um texto sobre Sovietes. Akex

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