Zagallo Mário Jorge Lobo Zagallo (Atalaia, 9 de agosto de 1931 – Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 2024) foi um treinador e futebolista brasileiro que atuou como ponta-esquerda. Zagallo mostrava aptidão para os esportes desde os tempos de escola, em especial o futebol. À época, ele já sabia que iria seguir carreira no futebol. No entanto, seu pai, Aroldo, queria que o filho fizesse um curso de contabilidade para ajudá-lo na fábrica de tecidos da família. Coube a seu irmão, Fernando, convencer o pai a deixá-lo fazer o que ele mais gostava: jogar bola. Residiu na Rua Professor Gabizo, na Tijuca. Como era sócio do America-RJ, seu clube do coração,[14] foi no próprio clube que Zagallo iniciou sua carreira, nas divisões amadoras, além de arrumar tempo para jogar vôlei entre uma pelada e outra. Nesta época ele chegou também a jogar tênis de mesa, inclusive ganhando títulos na categoria juvenil. Em 1949, o jovem venceu seu primeiro título: o Campeonato de Amadores do Rio de Janeiro. No mesmo ano, ajudou o clube a conquistar o Torneio Início do Campeonato Carioca. Torneio Início foi um campeonato de futebol do Rio de Janeiro, marcado pelo peculiar regulamento, que determinava que todos os jogos fossem realizados num mesmo dia, no mesmo estádio. O Torneio Início foi criado em 1916 pela Associação de Cronistas Desportivos (entidade atualmente denominada Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro, Acerj). Flamengo Em 1950, transferiu-se para os juniores do Flamengo, clube pelo qual assinou seu primeiro contrato profissional, em 1951, e conquistou, dentre outros, o tricampeonato carioca (1953, 1954 e 1955). O ponta-esquerda deixou a equipe rubro-negra logo após a conquista da Copa do Mundo de 1958 com a Seleção Brasileira. Zagallo não queria sair do Flamengo, mas a demora da diretoria fez com que ele assinasse com o rival Botafogo. “Eu não queria sair do Flamengo. O Fleitas Solich (técnico) e o diretor Fadel vieram até minha casa, conversaram comigo. Me lembro até hoje as palavras que disse: ‘eu não estou querendo sair, eu já tinha proposto a vocês que eu dava o meu passe em troca de um emprego na Caixa Econômica’, que era a minha garantia de futuro. ‘Eu estou jogando, mas estou pensando sempre em frente e até hoje vocês não me ouviram’. Aí veio a Portuguesa me oferecendo 3 milhões, o Palmeiras oferecendo 5 milhões, e eu acabei aceitando ir ao Botafogo por 3 milhões. Por quê? Porque o Botafogo era um time bom, além disso minha mulher era professora e ela ia perder todas as aulas dela se eu fosse para São Paulo.” —  Zagallo, em entrevista a Jayme Pimenta Valente Filho no livro ‘Mário Jorge Lobo Zagallo: Entre o Sagrado e o Profano, uma história de vida’, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Portugal, 2006. Botafogo Zagallo foi bicampeão carioca pelo Botafogo, clube onde também veio a conquistar a Taça Brasil, e outros títulos, além de bicampeão mundial pela Seleção Brasileira. No Botafogo participou da fase áurea do time, jogando ao lado de astros como Garrincha, Didi e Nílton Santos. Seleção Brasileira Seus títulos cariocas e a conquista da Taça Brasil o levaram à Seleção Brasileira. Com ele, o Brasil inovou taticamente e jogou em 1958 no esquema 4-3-3, pois Zagallo era um ponta-esquerda que recuava para ajudar no meio-campo. Já na Copa seguinte, a de 1962, realizada no Chile, Zagallo foi titular devido à lesão de Pepe, grande astro do Santos e companheiro de ataque de Pelé. Características e estilo de jogo Zagallo era um ala esquerdo de médio porte e franzino, mas conhecido por suas habilidades técnicas. No início da carreira, ele quase nunca ganhava uma dividida, mas compensava a falta de massa muscular com muita velocidade, deslocamentos rápidos e notável inteligência tática. Era considerado um jogador à frente de seu tempo, já que fazia muito bem o trabalho defensivo, além de sua capacidade de executar ataques de áreas mais profundas do campo. Ele também era capaz de jogar como atacante, atacante principal ou atacante interno. Sua polivalência permitiu a Vicente Feola (técnico na Copa de 1958) inovar e mostrar ao mundo o 4-3-3 (à época, as equipes usavam o 4-2-4). Em entrevista ao blog Olho Tático, do jornalista André Rocha, Zagallo falou o seguinte sobre a estrutura tática de 1958: "O 4-3-3 não nasceu em 1962. Já em 1958 eu fazia a dupla função. Com a bola era um ponteiro. Mas também podia ficar e cobrir o Nilton Santos. Sem a bola, eu era o homem que dava vantagem numérica: se a jogada do adversário fosse pelo nosso lado, eu ajudava o Nilton a marcar o ponta. Dois contra um. Se fosse do lado oposto, fechava e ficávamos Zito, Didi e eu. Três contra dois no meio-campo". Um exemplo de sua função em campo pôde ser visto na final da Copa de 1958. Primeiro, ele salvou, de cabeça, o que seria o segundo gol no jogo (quando ainda estava 1 a 0 para os donos da casa), quando a bola já tinha passado pelo goleiro, Gylmar. Depois, mais pro final do jogo, ele faria o 4° gol brasileiro na partida. Carreira como treinador Meses depois de se aposentar como jogador em 1966, iniciou a carreira de treinador da categoria juvenil do Botafogo. Em clubes ele treinou o próprio Botafogo em quatro oportunidades, o Flamengo três vezes, o Vasco da Gama duas vezes, e ainda Fluminense, Al-Hilal, Bangu e Portuguesa. Em seleções nacionais, comandou a Seleção Brasileira por três vezes, a Seleção do Kuwait, a Seleção Saudita e a Seleção dos Emirados Árabes Unidos. Seu último trabalho foi em 2006, como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira na Seleção Brasileira. Conquistou um mundial como técnico da Seleção Nacional e um como coordenador técnico, além de vencer duas edições da Copa das Confederações FIFA. Também como treinador, conquistou dois títulos Sul-Americanos e vários outros títulos, que o tornaram técnico de renome mundial. Ele foi o primeiro a vencer a Copa do Mundo como jogador e como técnico. Vencedor da Copa do Mundo de 1970 aos 38 anos, ele também é o segundo técnico mais jovem a vencer uma Copa do Mundo, depois de Alberto Suppici, venceu aos 31 anos com o Uruguai em 1930. A seleção brasileira de Zagallo em 1970 se preparou durante quase três meses para o torneio, aclimatando-se ao calor e à altitude do verão mexicano. Zagallo disse que a equipe venceu a maior parte dos jogos no segundo tempo, onde marcou 12 dos 19 gols devido ao cansaço do adversário. Na Copa do Mundo FIFA de 1974, na Alemanha Ocidental, Zagallo foi prejudicado pela aposentadoria internacional de Pelé quatro anos antes, bem como pelas lesões de Tostão e Carlos Alberto Torres, o que significa que apenas dois jogadores titulares da final de 1970 estavam no elenco. O Brasil passou por pouco da primeira fase de grupos por um gol de diferença sobre a Escócia, e ficou de fora da final após uma derrota por 2 a 0 para a Holanda. A Polônia então derrotou o Brasil na disputa terceiro lugar. Em 1989, Zagallo foi contratado pelos Emirados Árabes Unidos para a campanha de qualificação para a Copa do Mundo de 1990. Ele levou os emiradense a uma inesperada primeira classificação ao torneio, mas partiu para o Vasco da Gama dias antes do início da Copa do Mundo e foi substituído por Carlos Alberto Parreira. Em novembro de 2002, Zagallo saiu da aposentadoria para treinar novamente o Brasil, após a saída de Luiz Felipe Scolari depois de vencer a Copa do Mundo daquele ano. Em 20 de novembro, em seu único jogo, o time venceu por 3–2 em um amistoso fora de casa contra a Coreia do Sul. Zagallo detém o recorde de títulos de Copas do Mundo em geral, com quatro títulos no total. Ele também detém o recorde de finais de Copas do Mundo com seis participações. Além disso, ele venceu a Copa do Mundo FIFA de 1994 como assistente técnico. Em 1992, Zagallo recebeu a Ordem do Mérito da FIFA, a maior honraria concedida pela FIFA, por suas contribuições ao futebol. Ele foi nomeado o 9° maior técnico de todos os tempos pela World Soccer Magazine em 2013. Vida pessoal Apegado publicamente ao número treze desde a época de jogador, revelou que isto originou-se com sua esposa, que era devota de Santo António, comemorado em 13 de junho. Zagallo casou-se com Alcina de Castro em 13 de janeiro de 1955, na Igreja dos Capuchinhos no Rio de Janeiro. Permaneceram juntos até a morte de Alcina, em 5 de novembro de 2012. Mário e Alcina tiveram quatro filhos. Ele era um católico praticante. Zagallo morreu às 23h40 do dia 5 de janeiro de 2024, aos 92 anos. O ex-jogador e treinador estava com a saúde fragilizada há alguns anos. Em setembro de 2023 ficou cerca de vinte dias no hospital, com infecção urinária. No dia 26 de dezembro foi novamente internado no Hospital Barra D'Or, onde foi vítima de falência múltipla dos órgãos, resultante de progressão de comorbidades. Alex

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