Charles Darwin - Legado e vsões Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809 – Downe, 19 de abril de 1882) foi um naturalista, geólogo e biólogo britânico, célebre por seus avanços sobre evolução nas ciências biológicas. Em 1882, Darwin foi diagnosticado com o que era chamado angina pectoris, o que significava trombose coronariana e doença do coração. No período de sua morte, médicos diagnosticaram "ataques de angina" e "falha do coração". Atualmente, especula-se que Darwin sofria de uma doença de Chagas crônica. Essa especulação é baseada no trecho de um diário escrito por Darwin, que descreve que ele foi mordido por um barbeiro em Mendoza, Argentina, em 1835; e baseado nos vários sintomas que ele exibiu, como doenças cardíacas as quais são características da doença. Darwin morreu em 19 de abril de 1882 em Down House. Suas últimas palavras foram dirigidas a sua família, falando a Emma: "Pelo menos não estou com medo de lembranças póstumas de como você foi uma ótima esposa. Conte para todos os meus filhos para lembrar o quão bons foram para mim" e então, enquanto ela descansava, ele repetidamente disse a Henrietta e Francis: "Quase vale a pena estar doente para ser cuidado por vocês". Legado Em 1881 Darwin era uma figura eminente, que continuava trabalhando em suas contribuições ao pensamento evolutivo as quais tiveram um enorme impacto em muitos campos da ciência. Como disse Alfred Russl Walace, Darwin "provocou uma revolução maior no pensamento humano dentro de um quarto de século do que qualquer homem do nosso tempo - ou talvez de qualquer época", tendo "nos dado uma nova concepção do mundo da vida, e uma teoria que é em si um poderoso instrumento de pesquisa; mostrou-nos como combinar num todo consistente os fatos acumulados por todas as classes separadas de trabalhadores, e assim revolucionou todo o estudo da natureza”. No período de sua morte, Darwin já tinha convencido a maioria dos cientistas de que a evolução por origem comum estava correta e ele já era considerado um grande cientista que teve ideias revolucionárias. Em junho de 1909, embora poucos daquele tempo concordassem com sua visão de que a "seleção natural era a principal, mas não a forma exclusiva de modificação", Darwin foi honrado por mais de 400 oficiais e cientistas do mundo todo que se encontraram em Cambridge para comemorar o centenário de seu nascimento e o quinquagésimo aniversário da publicação de A Origem das Espécies. No início do século XX, em um período que tem sido denominado como "O eclipse do darwinismo", cientistas propuseram várias alternativas de mecanismos evolutivos, que se provaram insustentáveis. Ronald Fisher, um estatístico inglês, finalmente uniu a genética mendeliana com a seleção natural, síntese realizada entre o período de 1918 até 1930, ano do lançamento de seu livro The Genetical Theory of Natural Selection. Ele provomeu à teoria uma base matemática e estabeleceu um largo consenso científico de que a seleção natural é o mecanismo básico da evolução, portanto a base da genética populacional e da síntese evolutiva moderna, juntamente com J. B. S. Haldane e Sewall Wright, os quais lançaram os pilares dos debates evolutivos modernos e o refinamento da teoria. Durante a vida de Darwin, muitos locais foram homenageados com seu nome. Uma extensão de água adjacente ao Estreito de Beagle foi nomeado Canal de Darwin por Robert FitzRoy após uma ação heroica de Darwin, que salvou dois homens depois de seu barco naufragar quando uma geleira colapsou e causou uma grande onda que teria virado sua embarcação; o Monte Darwin, nos Andes, também foi nomeado em celebração ao 25° aniversário de Darwin. Quando o Beagle estava navegando pela Austrália em 1839, o amigo de Darwin John Lort Stokes avistou um porto natural que o capitão do navio Wickham escolheu nomear Port Darwin: um assentamento próximo foi renomeado Darwin em 1911 e se tornou a capital da Território do Norte. Mais de 120 espécies e nove gêneros foram nomeados em homenagem a Darwin. Em um exemplo, um grupo de Thraupidae relacionados que Darwin achou nas Ilhas Galápagos ficaram conhecidos popularmente como "Tentilhões de Darwin". Os trabalhos de Darwin continuaram a ser celebrados por várias publicações e eventos. A Linnean Society of London comemora as conquistas de Darwin premiando a Medalha Darwin-Wallace desde 1908. O Dia de Darwin se tornou uma celebração anual e, em 2009, eventos mundiais foram organizados para o bicentenário do nascimento de Darwin e o 150° aniversário da publicação de A Origem das Espécies. Visões religiosas A tradição da família de Darwin era não-conformista unitarista, enquanto seu pai e avô eram livre-pensadores, seu batismo e escola de infância eram anglicanos. Os não-conformistas eram cristãos protestantes que não "se conformavam" com o governo e os usos da igreja estatal na Inglaterra, e no País de Gales até 1914, a Igreja da Inglaterra (e na Irlanda até 1869, a Igreja da Irlanda ).O unitarismo é uma corrente de pensamento teológico que afirma a unidade absoluta de Deus, rejeitando portanto a Trindade. Quando estava ingressando em Cambridge para se tornar um clérigo anglicano, Darwin não duvidava da interpretação literal da Bíblia. Ele aprendeu ciências com John Herschel que, igualmente com a teologia natural de William Paley (Peterborough, 14 de julho de 1743 - Bishopwearmouth, 25 de maio de 1805) foi um teólogo e filósofo britânico. Autor da obra Natural Theology, argumentou que a complexidade e adaptações dos seres vivos eram prova da intervenção divina na criação, no que se veio chamar "analogia do relojoeiro". A analogia do relojoeiro consiste na comparação da complexidade da natureza que nos rodeia com um relógio: ao observar este, conclui-se que a sua complexidade é indício da existência de um ou vários relojoeiros; em consequência, o universo também foi criado por um 'Criador'. A bordo do Beagle, Darwin era bem ortodoxo e citava a Bíblia como uma autoridade moral. Ele olhou para os "centros da criação" para explicar a distribuição das espécies, e sugeriu que a similaridade das formigas-leão achadas na Austrália e Inglaterra eram evidência da mão divina. Nos próximos anos, enquanto especulava intensamente sobre geologia e transmutação de espécies, ele pensou bastante sobre religião e discutiu abertamente o assunto com sua esposa Emma, cuja crença também vinha de estudos intensivos e questionadores. A teodiceia de Paley justificava o mal, tais como a fome e terremotos, como o resultado das leis benevolentes do Criador, o qual, no geral, tinha um resultado positivo. Na filosofia da religião, uma teodicéia é um argumento que tenta resolver o problema do mal que surge quando a onipotência, a onibenevolência e a onisciência são todas atribuídas simultaneamente a Deus. Ao contrário de uma defes, que apenas tenta demonstrar que a coexistência de Deus e do mal é logicamente possível, uma teodiceia fornece adicionalmente uma estrutura em que a existência de Deus é considerada plausível. O filósofo e matemático alemão Gottfried Leibniz cunhou o termo "teodiceia" em 1710 em sua obra Théodicé, embora numerosas tentativas de resolver o problema do mal já tivessem sido propostas. Para Darwin, a seleção natural produzia o lado bom da adaptação, mas removia a necessidade de um design inteligente, sendo que ele não conseguia ver o trabalho de uma deidade onipotente diante de toda a dor e sofrimento, como as vespas da família Ichneumonoidea, que paralisam lagartas para servi-las como comida viva para seus filhotes. Embora ele pensasse que a religião fosse uma estratégia tribal de sobrevivência, Darwin estava relutante em desistir da ideia de Deus como o juiz supremo. Ele estava cada vez mais abalado pelo problema do mal. Darwin permaneceu amigo próximo dos clérigos de Downe e continuou a ter um papel de liderança no trabalho paroquial da igreja, mas por volta de 1849 começou a preferir caminhar aos domingos, enquanto sua família ia na igreja. Em 1851, Darwin ficou devastado quando sua filha Annie morreu. A partir daí sua crença na fé cristã diminuiu, e ele se tornou crítico da Bíblia como livro histórico e questionou se todas as religiões não poderiam ser igualmente válidas. Sociedade humana As visões sociais e políticas de Darwin refletiam o seu período histórico e sua posição social. Ele cresceu em uma família de reformadores whigs que, como seu tio Josiah Wedgwood, apoiava reformas eleitorais e a emancipação de escravos. Darwin se opôs apaixonadamente a escravidão, enquanto não via problema com as condições de trabalho dos trabalhadores industriais ingleses. Em 1826, as lições de taxidermia do escravo liberto John Edmonstone, que Darwin chamava de um "homem bastante inteligente e respeitoso", reforçou sua crença que pessoas negras compartilhavam os mesmos sentimentos e poderiam ser tão inteligentes quanto as pessoas de outras raças. Ele tomou a mesma atitude com os nativos que encontrou na viagem pelo Beagle. Essas atitudes não eram usuais na Grã-Bretanha da década de 1820. A sociedade britânica se tornou mais racista no meio do século XVI, mas Darwin continuou se opondo fortemente a escravidão, contra e contra o tratamento doentio aos povos nativos. Ele louvava a civilização europeia e via a colonização como difusão de seus benefícios, com o triste, mas inevitável efeito de que povos selvagens que não se tornassem civilizados enfrentariam a extinção. As teorias de Darwin apresentavam isso com o caminho natural e eram citadas como o princípio básico dos princípios humanitários. Ele acreditava que a "superioridade" do homem sobre a mulher era o resultado da seleção natural. Darwin estava intrigado pelo argumento do seu meio-primo Francis Galton, introduzido em 1865, mostrando que a análise estatística da hereditariedade demonstrava que traços morais e mentais humanos poderiam ser herdados, enquanto o princípio da seleção artificial animal poderia ser aplicado em humanos. Em A Descendência do Homem, Darwin notou que ajudar fracos a sobreviverem e viabilizarem famílias poderia desestabilizar os benefícios da seleção natural, mas tomou cuidado que reter tal ajuda colocaria em risco o instinto de solidariedade, "a parte mais nobre de nossa natureza", e fatores como a educação poderiam ser mais importantes. Quando Galton sugeriu publicar investigações que poderiam encorajar casamentos limitados a uma "casta", ou "dentre aqueles que eram naturalmente favorecidos", Darwin previu dificuldades práticas e pensou que "embora viável, temia a utopia, o chamado plano em melhorar a raça humana", preferindo simplesmente publicar a importância da hereditariedade e deixar as discussões para os indivíduos. Francis Galton nomeou o campo de estudos que lançara de "eugenia" em 1883. Movimentos sociais evolutivos A fama e a popularidade de Darwin levaram seu nome a ser associado com ideias e movimentos que, as vezes, apenas tinham relação indireta com seus trabalhos e, até mesmo, iam diretamente contra suas visões. Thomas Malthus argumentou que o aumento populacional por recursos foi ordenado por Deus para levar os humanos a trabalharem produtivamente e se restringirem em criarem famílias; isto foi usado na década de 1830 para justificar a existência de workhouses e da economia laissez-faire. Naquele tempo a evolução estava sendo vista como um implicante de relações sociais e o livro Social Statics, publicado em 1851 e de autoria de Herbert Spencer, baseava ideias de liberdade humana em relação a sua teoria lamarckiana de evolução. Logo após A Origem ser publicada em 1859, críticos ridicularizaram a descrição de Darwin da luta pela sobrevivência como uma justificativa malthusiana do capitalismo industrial inglês da época. O termo darwinismo foi usado por ideias evolucionárias de outros, incluindo a "sobrevivência do mais apto" de Spencer, como justificativa do progresso do livre-mercado e do poligenismo de Ernst Heackel. Escritores usaram a seleção natural para argumentar por várias ideologias constantemente contraditórias, como o colonialismo e o imperialismo. Entretanto, a visão holística de Darwin da natureza incluía a "dependência do outro"; então pacifistas, socialistas, reformadores sociais liberais e anarquistas, como Piotr Kropotkin, salientaram o valor da cooperação entre as espécies, ao invés da competição. O próprio Darwin insistiu que políticas sociais não deveriam ser simplesmente guiadas por conceitos de luta e seleção da natureza. Depois da década de 1880, movimentos eugenistas se desenvolveram com ideias de hereditariedade biológica e com justificações pseudocientíficas que apelavam aos conceitos do darwinismo. Na Grã-Bretanha, a maioria compartilhou visões cuidadosas de Darwin de melhorias voluntárias e buscou encorajar aqueles com características boas na chamada "eugenia positiva". Durante o Eclipse do Darwinismo, uma base científica da eugenia foi dada pela genética mendeliana. A eugenia negativa que mirava eliminar aqueles de "mente fraca" era popular nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, sendo que nos Estados Unidos surgiram leis de esterilização compulsória, o que foi copiado por vários países. Posteriormente, a eugenia nazista trouxe o campo para um novo patamar, que culminou no genocídio de 6 milhões de pessoas. O termo "darwinismo social" era frequentemente usado na década de 1890, mas se tornou popular como um termo depreciativo na década de 1940, quando Richard Hofstadter o usou para atacar o conservadorismo laissez-faire defendido, por exemplo, por William Graham Sumner, que era contra as reformas e o socialismo. Desde então, é usado como um termo para se opor ao que é visto como consequências morais da evolução. Estátua de Darwin no Museu de História Natural de Londres. Alex

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