Emil Cioran - Primeiros anos Emil Mihai Cioran (Rășinari, 8 de abril de 1911 — Paris, 20 de junho de 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Seu trabalho foi conhecido por seu pessimismo filosófico, estilo e aforismos. Suas obras frequentemente abordavam questões de sofrimento, decadência e niilismo. Cioran nasceu em Resinár, condado de Szeben, Reino da Austria-Hungria (hoje Rășinari, condado de Sibiu, Romênia). Seu pai, Emilian Cioran, era um sacerdote ortodoxo, e sua mãe, Elvira, era a chefe da Liga das Mulheres Cristãs. Ele tinha uma irmã mais velha, Virginia, e um irmão mais novo, Aurel. Sua mãe, seu irmão e sua irmã parecem ter sido, como Cioran, sujeitos a estados melancólicos e neurastênicos. Durante a sua infância, e após inúmeras negociações entre os países da Entente - Tríplice Entente foi uma aliança militar entre o Reino Unido, a França e Rússia - a Transilvânia, até então pertencente à Áustria-Hungria, juntou-se à Roménia. Depois de alguns anos de vida feliz em Rășinari, uma pequena aldeia na Transilvânia, Cioran adapta-se mal à vida citadina quando tem de frequentar o ensino secundário em Sibiu, cidade predominantemente saxônica. Cioran é hospedado com duas velhas saxãs com quem aprende alemão. Seu compatriota Lucian Blaga também descreveu como alguém de uma aldeia romena poderia ser desprezado pelos alunos da cidade de língua alemã. Lucian Blaga (9 de maio de 1895 – 6 de maio de 1961) foi um filósofo, poeta, dramaturgo e romancista romeno, considerado um dos maiores poetas romenos do século XX (se identificava com o expressionismo) e o primeiro filósofo romeno a desenvolver um sistema próprio. Aplicou fortemente suas teorias filosóficas em várias de suas poesias, especialmente o "conhecimento luciférico; oposto ao conhecimento racional, cientifico, que apresenta luz, claridade e que destrói os mistérios do universo". Foi eleito membro da Academia Romena em 1936 e em 1956, foi nomeado pela Academia Sueca para receber o prêmio Nobel de Literatura. Este choque, bem como a difícil relação com a mãe, contribuíram para o desenvolvimento da sua visão pessimista do mundo e fizeram-no pensar no suicídio Cioran tinha um bom domínio do alemão e passou a ler filosofia que estava disponível em alemão. Notas da adolescência de Cioran indicaram um estudo de Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Fyodor Dostoevsky e Honoré de Balzac (parece que na época Cioran sabia francês). Tornou-se agnóstico, e aos 17 anos, foi matriculado na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Bucareste, onde conheceu Eugène Ionesco e Mircea Eliade, que se tornaram seus amigos. O futuro filósofo romeno Constantin Noica e o futuro pensador romeno Petre Țuțea tornaram-se seus colegas acadêmicos mais próximos; os três estudaram com Tudor Vianu e Nae Ionescu. Cioran tornou-se defensor das ideias de Ionescu, conhecidas como Trăirismo. O trairismo foi uma corrente da filosofia romena do período entre guerras, tendo Nae Ionescu como seu principal representante e iniciador. Professando uma atitude inspirada na "filosofia de vida" (Kierkegaar, Nietzsche e Bergson), focada em proclamar a primazia da vida sobre o intelecto. Neste contexto, a atitude mística é mais importante do que a intelectual ou analítica, a salvação do que os ideais culturais, a prática espiritual do que as atividades acadêmicas. Nae Ionescu professou o ideal de concretizar uma filosofia romena baseada no misticismo e na autoridade, específica da Europa Oriental. O existencialismo permitiu o desenvolvimento de diferentes correntes: Mircea Vulcănescu professava a espiritualidade, enquanto Emil Cioran aderiu a uma vida frenética e negadora num contexto de pessimismo. Assim, pode-se afirmar que a ideologia existencialista proclama uma filosofia “lírica”: não existe filosofia científica, existem apenas “filosofias” que não precisam necessariamente ser comensuráveis ou compatíveis. Tal como a vida, a filosofia pode dar origem a conflitos e paradigmas incompatíveis, pela sua própria natureza, opostos não podem ser teoricamente reconciliados. Alex