Kafka - Legado e influência na literatura brasileira Franz Kafka (Praga, Império Austro-Húngaro, atual República Tcheca, 3 de julho de 1883 — Klosterneuburg, República Austríaca, atual Áustria, 3 de junho de 1924), foi um escritor de língua alemã, autor de romances e contos, considerado pelos críticos como um dos escritores mais influentes do século XX. A maioria de sua obra, como A Metamorfose, O Processo e O Castelo, estão repletas de temas e arquétipos de alienação e brutalidade física e psicológica, conflito entre pais e filhos, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas, nesse sentido Kafka pode ser considerado um dos precursores do Realismo Mágico. Durante sua vida, Kafka foi quase completamente desconhecido do grande público. Um dos primeiros escritores alemães a reconhecer seu trabalho foi Kurt Tucholsky (9 de janeiro de 1890 em Berlim - 21 de dezembro de 1935 em Gotemburgo) foi um escritor alemão que foi um dos jornalistas mais importantes da República de Weimar -o período da história alemã de 1918 a 1933, em que a democracia parlamentar existiu pela primeira vez no Império Alemão. Tucholsky conheceu Kafka em 1911 e referiu-se às suas obras em seus artigos, Kafka também era conhecido por outros especialistas literários, como Hermann Hesse e Walter Benjamin a partir da década de 1920. No entanto, o seu trabalho só alcançou fama mundial - devido à convulsão cultural da era nazista - depois de 1945, primeiro nos EUA e na França, e depois também nos países de língua alemã na década de 1950. Hoje Kafka é o autor mais lido em alemão. Kafka teve uma forte influência sobre Gabriel García Márquez e Milan Kundera, Shimon Sandbank, professor, crítico literário e escritor, também identifica Kafka como tendo influenciado Jorge Luis Borges, Albert Camus, Eugène Ionesco, JM Coetzee e Jean-Paul Sartre. Kafka tambem teria influenciado José Saramago, Al Silverman, escritor e editor, afirma que JD Salinger adorava ler as obras de Kafka. O escritor romeno Mircea Cărtărescu disse "Kafka é o autor que mais amo e que significa, para mim, a porta da literatura"; ele também descreveu Kafka como "o santo da literatura". Em 1999, um comitê de 99 autores, acadêmicos e críticos literários classificou Der Process e Das Schloss como o segundo e o nono, romances em língua alemã mais importantes do século XX. O top 10 Robert Musil - O Homem Sem Qualidades (1930). Franz Kafka - O Processo (1912). Thomas Mann - A Montanha Mágica (1924). Alfred Döblin - Berlim, Alexanderplatz (1929). Günter Grass - O Tambor (1959). Uwe Johnson - Jahrestage (1970-1983). Thomas Mann - Os Buddenbrooks (1901). Joseph Roth - Marcha Radetzky (1932). Franz Kafka - O Castelo (1926). Thomas Mann - Doutor Fausto (1947). Harold Bloom disse que "quando ele é mais ele mesmo, Kafka nos dá uma inventividade e originalidade contínuas que rivalizam com Dante e realmente desafiam Proust e Joyce como o autor ocidental dominante do nosso século". Sandbank argumenta que, apesar da difusão de Kafka, seu estilo enigmático ainda não foi imitado. Neil Christian Pages, professor de Estudos Alemães e Literatura Comparada na Universidade de Binghamton, especializado nas obras de Kafka, diz que a influência de Kafka transcende a literatura e a erudição literária; impacta as artes visuais, a música e a cultura popular. Harry Steinhauer, professor de literatura alemã e judaica, diz que Kafka "causou um impacto mais poderoso na sociedade letrada do que qualquer outro escritor do século XX". Max Brod disse que o século XX seria um dia conhecido como o "século de Kafka". Michel-André Bossy escreve que Kafka criou um universo burocrático rigidamente inflexível e estéril. Kafka escreveu de uma maneira indiferente, cheia de termos legais e científicos. No entanto, seu universo sério também tinha humor perspicaz, destacando a "irracionalidade nas raízes de um mundo supostamente racional". Seus personagens estão presos, confusos, cheios de culpa, frustrados e sem compreensão de seu mundo surreal. Muita ficção pós-Kafka, especialmente ficção científica, segue os temas e preceitos do universo de Kafka. Isso pode ser visto nas obras de autores como George Orwell e Ray Bradbury. Kafka como autor banido Durante o período de 1933 a 1945, Kafka foi listado na lista de autores proibidos durante a era nazista como o criador de “material escrito prejudicial e indesejável”. Como muitos outros, suas obras foram vítimas da queima de livros. O Partido Comunista da Tchecoslováquia (KSČ) não reabilitou Kafka após a Segunda Guerra Mundial, classificando-o como "decadente". Na novela O Processo encontraram-se ecos indesejados dos julgamentos nos estados do Bloco de Leste. Em geral, a Tchecoslováquia dificilmente se identificou com Kafka durante a era comunista, provavelmente também porque ele escreveu quase exclusivamente em alemão. Em maio de 1963, por iniciativa de Eduard Goldstücker (30 de maio de 1913 - 23 de outubro de 2000 em Praga) foi um germanista tchecoslovaco, professor de história da literatura alemã, diplomata e tradutor -a Associação de Escritores da Tchecoslováquia realizou uma conferência internacional sobre Kafka, para marcar o 80º aniversário do escritor. Ele foi reconhecido por muitos palestrantes. Mas depois da supressão da Primavera de Praga, em agosto de 1968, as obras de Kafka foram novamente proibidas. A Primavera de Praga foi um movimento político que aconteceu na Tchecoslováquia em 1968, visando reformar o regime comunista e opor-se ao domínio soviético: A Tchecoslováquia era um país que seguia as diretrizes da União Soviética, mas que a população estava insatisfeita com o regime. O movimento foi liderado por Alexander Dubček, líder de uma ala reformista do Partido Comunista. Dubček tentou introduzir algumas mudanças, como a eliminação da censura. A mobilização popular e as reformas levaram a União Soviética a invadir a Tchecoslováquia em agosto de 1968, pondo fim à Primavera de Praga. A República Tcheca de hoje Com a abertura da República Checa ao ocidente e o afluxo de visitantes estrangeiros, a importância local de Kafka cresceu. Em 2003, um monumento a Franz Kafka foi erguido no bairro judeu Josefov, em Praga, por iniciativa da Sociedade Franz Kafka. A Sociedade Franz Kafka de Praga é dedicada às obras de Kafka e às tentativas de reviver a herança judaica de Praga. No Ano Kafka 2008 (125º aniversário), Kafka foi destacado pela cidade de Praga para promover o turismo. Há muitos lugares para encontrar Kafka, livrarias e souvenirs de todos os tipos. Impacto internacional Já em 1915, Kafka recebeu indiretamente o“ Prêmio Theodor Fontane de Arte e Literatura”: o vencedor oficial Carl Sternheim passou o prêmio em dinheiro para o ainda desconhecido Kafka. Numa conversa com Georges-Arthur Goldschmidt, o biógrafo de Kafka, Reiner Stach, descreve Samuel Beckett como “o herdeiro de Kafka”. Entre os escritores contemporâneos, Leslie Kaplan refere-se frequentemente a Kafka nos seus romances e em declarações sobre os seus métodos de trabalho, a fim de retratar a alienação da humanidade, a burocracia assassina, mas também o espaço para a liberdade que o pensamento e a escrita, em particular, abrem. A influência de Kafka na literatura brasileira Em certo momento do século XX, a influência de Franz Kafka sobre a literatura produzida no Brasil era tão grande que o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) declarou, em tom de ironia, que o tcheco seria um "imitador de certos escritores brasileiros". Graciliano Ramos (1892-1953) também brincava com isso. Dizia que estava se produzindo uma espécie de "literatura espírita" no país, com autores incorporando o estilo kafkiano. Entre os autores brasileiros que mais incorporaram o estilo kafkiano costumam ser mencionados Clarice Lispector (1920-1977), Murilo Rubião (1916-1991), José J. Veiga (1915-1999), Lygia Fagundes Telles (1918-2022) e Moacyr Scliar (1937-2011) e o poeta Haroldo de Campos (1929-2003). Mas a obra kafkiana chegou tardiamente ao Brasil. De acordo com levantamento realizado pela pesquisadora, historiadora e tradutora Denise Bottmann, somente em 1946 foi publicada "aquela que parece ser a primeira tradução de Kafka entre nós". Trata-se do conto Um artista do trapézio, que saiu na Revista da Semana, em tradução anônima. No ano seguinte, o mesmo conto foi publicado pelo jornal Diário de Notícias, em nova tradução, desta vez assinada por Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989). Mas nessa época ainda eram comuns traduções de traduções, ou seja, nem todos os faziam diretamente do alemão. Alex

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