Lenin - Declínio na saúde e conflito com Stalin Vladimir Ilyich Ulianov, mais conhecido pelo pseudônimo Lenin (Simbirsk, 22 de abril de 1870 – Gorki, 21 de janeiro de 1924), foi um revolucionário comunista e teórico político russo que serviu como chefe de governo da Rússia Soviética de 1917 a 1924 e da União Soviética de 1922 até sua morte. "Stalin é muito grosseiro e esse defeito que é inteiramente inaceitável em nosso meio e nas relações entre nós comunistas, torna-se inaceitável na posição de Secretário-Geral. Portanto, proponho aos camaradas que eles devem inventar um meio de removê-lo deste trabalho e devem nomear para este trabalho outra pessoa que se distinga do camarada Stalin em todos os outros aspectos apenas pelo único aspecto superior de que ele deve ser mais tolerante, mais educado e mais atencioso com os camaradas, menos caprichoso, etc." - Lenin, 4 de janeiro de 1923 Para constrangimento e horror de Lenin, em abril de 1920 os bolcheviques realizaram uma grande festa para celebrar seu 50º aniversário, que também foi marcada por celebrações generalizadas por toda a Rússia e pela publicação de poemas e biografias dedicadas a ele. Entre 1920 e 1926, vinte volumes das Obras Completas de Lenin foram publicados; algum material foi omitido. Durante 1920, várias figuras ocidentais proeminentes visitaram Lenin na Rússia; entre elas, o autor HG Wells e o filósofo Bertrand Russell, bem como os anarquistas Emma Goldman e Alexander Berkman. Lenin também foi visitado no Kremlin por Inesa Armand, que estava com a saúde cada vez mais debilitada. Ele a enviou para um sanatório em Kislovodsk, no Cáucaso do Norte, para se recuperar, mas ela morreu lá em setembro de 1920 durante uma epidemia de cólera. O seu corpo foi transportado para Moscou, onde um Lenin visivelmente aflito supervisionou o seu enterro sob o Muro do Kremlin. Lenin ficou gravemente doente na segunda metade de 1921, sofrendo de hiperacusia - uma sensibilidade aumentada ao som e uma baixa tolerância ao ruído ambiental - insônia e dores de cabeça regulares. Por insistência do Politburo, em julho ele deixou Moscou para uma licença de um mês em sua mansão em Gorki, onde foi cuidado por sua esposa e irmã. Lenin começou a contemplar a possibilidade de suicídio, pedindo a Krupskaya e Stalin que adquirissem cianeto de potássio para ele. Vinte e seis médicos foram contratados para cuidar de Lenin durante seus últimos anos; muitos deles eram estrangeiros e foram contratados com grandes despesas. Alguns sugeriram que sua doença poderia ter sido causada pela oxidação do metal das balas que ficaram alojadas em seu corpo na tentativa de assassinato de 1918; em abril de 1922, ele passou por uma operação cirúrgica para removê-las com sucesso. Os sintomas continuaram depois disso, com os médicos de Lenin inseguros sobre a causa; alguns sugeriram que ele tinha neurastenia ou arteriosclerose cerebral. Neurastenia (neuro = cérebro, astenia= fraqueza) é um transtorno psicológico resultado do enfraquecimento do sistema nervoso central, culminando em astenia física e mental. Arteriosclerose, que significa literalmente "endurecimento das artérias", é um termo genérico para um distúrbio vascular caracterizado pelo espessamento anormal, endurecimento e perda de elasticidade das paredes das artérias; esse processo restringe gradualmente o fluxo sanguíneo para os órgãos e tecidos e pode levar a graves riscos à saúde. A arteriosclerose é a principal causa de doença arterial coronária (DAC) e acidente vascular cerebral. Em maio de 1922, Lenin teve seu primeiro derrame, perdendo temporariamente a capacidade de falar e ficando paralisado do lado direito. Ele convalesceu em Gorki e se recuperou amplamente em julho. Em outubro, ele retornou a Moscou; em dezembro, ele teve um segundo derrame e retornou a Gorki. Apesar de sua doença, Lenin permaneceu profundamente interessado em assuntos políticos. Quando a liderança do Partido Socialista Revolucionário foi considerada culpada de conspirar contra o governo em um julgamento realizado entre junho e agosto de 1922, Lenin pediu sua execução; eles foram presos indefinidamente, sendo executados apenas durante o Grande Expurgo na era Stalin. Com o apoio de Lenin, o governo também conseguiu erradicar virtualmente o menchevismo na Rússia, expulsando todos os mencheviques das instituições e empresas estatais em março de 1923 e, em seguida, aprisionando os membros do partido em campos de concentração. Lenin estava preocupado com a sobrevivência do sistema burocrático bolchevique na Rússia Soviética, particularmente durante seus últimos anos. Condenando atitudes burocráticas, ele sugeriu uma revisão total para lidar com tais problemas, em uma carta reclamava que "estamos sendo sugados para um pântano burocrático imundo". Durante dezembro de 1922 e janeiro de 1923, Lenin ditou o "Testamento de Lenin", no qual discutiu as qualidades pessoais de seus camaradas, particularmente Trotsky e Stalin. Ele recomendou (conforme vimos) que Stalin fosse removido do cargo de Secretário-Geral do Partido Comunista, considerando-o inadequado para o cargo. Recomendando Trotsky para o trabalho, descrevendo-o como "o homem mais capaz do atual Comitê Central", ele destacou o intelecto superior de Trotsky, mas, ao mesmo tempo, criticou sua autoconfiança e inclinação para o excesso administrativo. Durante este período, ele ditou uma crítica à natureza burocrática da Inspeção dos Trabalhadores e Camponeses, apelando ao recrutamento de novos funcionários da classe trabalhadora como antídoto para este problema, enquanto noutro artigo apelou ao Estado para combater o analfabetismo, promover a pontualidade e a consciência entre a população e encorajar os camponeses a juntarem-se às cooperativas. Na ausência de Lenin, Stalin começou a consolidar seu poder, tanto nomeando seus apoiadores para posições de destaque, quanto cultivando uma imagem de si como o sucessor mais próximo e merecedor de Lenin. Em dezembro de 1922, Stalin assumiu a responsabilidade por Lenin, sendo encarregado pelo Politburo de controlar quem tinha acesso a ele. Lenin era cada vez mais crítico de Stalin; enquanto Lenin insistia que o estado deveria manter seu monopólio no comércio internacional em meados de 1922, Stalin liderava outros bolcheviques na oposição sem sucesso a isso. Houve discussões entre os dois também; Stalin aborreceu Krupskaya ao gritar com ela durante uma conversa telefônica, o que por sua vez irritou muito Lenin, que enviou a Stalin uma carta expressando seu aborrecimento. A divisão política mais significativa entre os dois surgiu durante o Caso Georgiano. Stalin sugeriu que tanto a Geórgia, sovietizada à força, quanto os países vizinhos como Azerbaidjão e Armênia, que foram todos invadidos e ocupados pelo Exército Vermelho, deveriam ser fundidos ao estado russo, apesar dos protestos de seus governos locais instalados pelos soviéticos. Lenin viu isso como uma expressão do chauvinismo étnico da Grande Rússia por Stalin e seus apoiadores, em vez disso, pedindo que esses estados-nação se juntassem à Rússia como partes semi-independentes de uma união maior, que ele sugeriu ser chamada de União das Repúblicas Soviéticas da Europa e Ásia. Após alguma resistência à proposta, Stalin finalmente a aceitou, mas, com o acordo de Lenin, ele mudou o nome do estado recém-proposto para "União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)". Lenin enviou Trotsky para falar em seu nome em um plenário do Comitê Central em dezembro, onde os planos para a União Soviética foram sancionados; esses planos foram então ratificados em 30 de dezembro pelo Congresso dos Sovietes, resultando na formação da União Soviética. Apesar de sua saúde precária, Lenin foi eleito presidente do novo governo da União Soviética. Alex