José Mujica - Ideologia política e pensamento José Alberto Mujica Cordano (Montevidéu, 20 de maio de 1935 – 13 de maio de 2025), conhecido popularmente como Pepe Mujica, foi um político e agricultor uruguaio, tendo sido presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. Após deixar a presidência, foi senador de março de 2015 até agosto de 2018. Ideologia política A ideologia política de Mujica evoluiu ao longo dos anos de ortodoxa para pragmática. Nos últimos anos, ele expressou o desejo de uma esquerda política mais flexível. Seu estilo e maneira de falar foram creditados como parte de sua crescente popularidade desde o final da década de 1990, especialmente entre os setores rurais e pobres da população. Ele foi descrito como um "antipolítico" e um homem que "fala a língua do povo", ao mesmo tempo, em que recebia críticas por comentários inoportunos ou inapropriados. Ao contrário do presidente Tabaré Vázquez, que vetou um projeto de lei apresentado pelo parlamento que tornaria o aborto legal, Mujica afirmou que, se fosse apresentado a ele no futuro, ele não vetaria tal projeto. O projeto foi apresentado e sancionado por Mujica. Na esfera das relações internacionais, ele esperava promover negociações e acordos entre a União Europeia e o Mercosul, do qual o Uruguai é um membro fundador. Na disputa da fábrica de celulose do Rio Uruguai entre a Argentina e o Uruguai, Mujica foi mais conciliador com o governo argentino do que a administração anterior. A disputa da fábrica de celulose foi uma disputa entre a Argentina e o Uruguai sobre a construção de uma fábrica de celulose no Rio Uruguai. Os presidentes na época eram Néstor Kirchner (Argentina) e Tabaré Vázquez (Uruguai). Como um conflito diplomático, econômico e de relações-públicas entre ambas as partes, a disputa também afetou o turismo e o transporte, bem como as relações amigáveis entre os dois países. A rivalidade foi sem precedentes entre os dois países, que compartilham laços históricos e culturais. Após vinte anos de desenvolvimento florestal, em outubro de 2003, a empresa espanhola ENCE, recebeu autorização do governo uruguaio para construir uma fábrica de celulose em Fray Bentos, no rio Uruguai (que forma a fronteira natural ao norte entre o Brasil e a Argentina e ao sul entre o Uruguai e a Argentina). Os argentinos, residentes principalmente em Gualeguaychú, a cerca de 35 km de Fray Bentos, estavam preocupados com a possibilidade de a fábrica de celulose da ENCE poluir o rio. O Rio Uruguai é compartilhado pelos dois países, sendo protegido por um tratado, que exige que ambas as partes informem a outra sobre qualquer projeto que afete o rio. Além da questão da poluição, a Argentina alegou que o governo uruguaio não havia pedido permissão para construir a fábrica. As autoridades uruguaias argumentaram que o Tratado não exigia que a permissão fosse obtida, mas somente que a outra parte fosse devidamente informada, e que as conversas de fato foram realizadas e arquivadas, sem objeções por parte da Argentina. Além disso, alegaram que a tecnologia usada na fábrica evitaria a poluição do rio na medida alegada pelo governo argentino, e que um tratamento de águas residuais mais moderno teria um efeito benéfico quando usado também para o tratamento de esgoto local. Antes da construção da usina, o esgoto da cidade de Fray Bentos era despejado no rio sem tratamento. Essas alegações foram apoiadas por declarações neutras de especialistas prestadas à IFC. A Corporação Financeira Internacional (IFC) é uma instituição financeira internacional com sede em Washington, DC, e membro do Grupo Banco Mundial que oferece serviços de investimento, consultoria e gestão de ativos para incentivar o desenvolvimento do setor privado em países menos desenvolvidos. O processo foi levado perante a Corte Internacional de Justiça, que decidiu que, embora o Uruguai não tenha informado a Argentina sobre as operações, não poluiu o rio, portanto o fechamento da fábrica de celulose seria injustificado. O conflito terminou em 2010, durante as presidências de Cristina Fernández de Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai), com o estabelecimento de uma coordenação conjunta das atividades no rio. Mujica era próximo do presidente venezuelano Hugo Chávez, a quem considerava "o governante mais generoso que já conheci". Em 2011, ele se manifestou contra as operações militares lançadas por vários países ocidentais contra a Líbia. Quando questionado sobre a decisão do presidente brasileiro Lula de receber calorosamente o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad, ele respondeu que foi uma "jogada genial" porque "quanto mais o Irã for cercado, pior será para o resto do mundo". Durante uma palestra na 28ª Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México, em 7 de dezembro de 2014, Mujica foi entrevistado pelo jornalista mexicano Ricardo Rocha. Ele abordou vários tópicos, como tráfico de drogas, legalização das drogas, pobreza e injustiça social: "Vivemos no continente mais injusto do mundo, provavelmente o mais rico, mas com a pior distribuição [de riqueza]". Sobre a América Latina, Mujica declarou ser "apaixonado por unir os latino-americanos, o que nos define como pertencentes a uma grande nação que está para ser criada. Existem Estados multinacionais, como a China, como a Índia, como o que a Europa está fazendo depois de uma história de guerras". Mujica também abordou a questão da herança linguística compartilhada dos latino-americanos, observando, em relação às duas principais línguas da região, que "o português é um espanhol doce, se você falar devagar… e ainda mais se tiver uma doçura feminina". E destacou outro elemento que une os países da América Latina: “Temos outra identidade: a tradição cristã e católica”. Concluiu sua fala acrescentando: “Vejo que há muitos jovens aqui; como um velho, um pequeno conselho: a vida pode nos dar muitas ciladas, muitos solavancos, podemos fracassar mil vezes na vida, no amor, na luta social, mas, se a buscarmos, teremos forças para nos levantar e recomeçar. O mais belo do dia é que ele amanhece. Sempre há um amanhecer depois que a noite passa. Não se esqueçam disso, crianças. Os únicos perdedores são aqueles que param de lutar”. Após deixar a presidência, Mujica criticou os regimes de esquerda de Daniel Ortega na Nicarágua e Nicolás Maduro na Venezuela por autoritarismo, ao mesmo tempo, em que se opôs à intervenção estrangeira na crise na Venezuela. Ele também criticou os ex-presidentes Cristina Fernández de Kirchner na Argentina e Evo Morales na Bolívia por sua atividade política após deixar o cargo, dizendo "Como é difícil para eles abrirem mão do bolo!". Ele também descreveu a eleição de Javier Milei como presidente da Argentina como "loucura" e fez comparações com a ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha dos anos 1930 e a hiperinflação que a precedeu. Mujica também se referiu a Vladimir Putin como um "filho da puta" e afirmou que a invasão russa da Ucrânia poderia ter sido evitada. Pensamentos José Mujica foi alvo de atenção internacional devido ao seu estilo de vida, caracterizado pela austeridade. Morava numa fazenda localizada nos arredores de Montevidéu, propriedade de sua esposa, optou por não residir na residência presidencial de Suárez e Reyes, reservando-a exclusivamente para atos oficiais. Dispensava veículos oficiais e dirigia o seu Fusca 1987. Ele também destinou cerca de 90% de sua renda a iniciativas voltadas ao alívio da pobreza. Crenças religiosas As crenças religiosas de Mujica eram um assunto constante de interesse e especulação na imprensa. Em uma entrevista à BBC em novembro de 2012, ele declarou: "Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza." Numa carta enviada a Hugo Chávez em 11 de dezembro de 2012, desejando-lhe uma pronta recuperação, esclareceu que, embora “não seja crente”, iria convocar uma missa para que pudessem fazê-lo aqueles que quisessem manifestar-se pela sua saúde. Ao sair da cerimônia, Mujica esclareceu: "Estou ficando velho e não sei se estou me aproximando de Deus ou não. Não sou crente (...) No meu coração ainda não posso ou não sei crer. Por ocasião da posse em Roma do Papa Francisco, a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, esclareceu que sua ausência na cerimônia se deveu ao fato de que tanto ela quanto seu marido "não são católicos" e que o vice-presidente Danilo Astori compareceu à cerimônia, já que ele é. Alex

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