Conto de fadas Um conto de fadas é um tipo de história que tipicamente apresenta personagens fantásticos do folclore, como dragões, elfos, fadas, gigantes, gnomos, goblins, grifos, sereias, animais falantes, trolls, unicórnios ou bruxas. Contos de fadas se distinguem de outras narrativas folclóricas, como as lendas (que, em geral, envolvem a crença na veracidade dos eventos descritos) e as histórias claramente morais, incluindo as fábulas. O termo é, acima de tudo, utilizado para histórias com origens na tradição europeia e, pelo menos nos séculos recentes, se relaciona em maior parte à literatura infantil. Os contos de fadas ocorrem tanto na forma oral quanto na literária, ou seja, cujo autor é conhecido; o termo "conto de fadas" ("conte de fées" em francês) foi cunhado a eles pela primeira vez por Marie-Catherine Le Jumel de Barneville, Baronesa d'Aulnoy (setembro de 1652 – 14 de janeiro de 1705), foi uma autora francesa conhecida por seus contos de fadas literários. Sua coletânea Les Contes des Fées, de 1697, cunhou o nome do gênero literário e incluiu a primeira história a apresentar o "Príncipe Encantado". A história dos contos de fadas é particularmente difícil de rastrear porque muitas vezes somente as formas literárias sobrevivem. Ainda assim, de acordo com pesquisadores das universidades de Durham e Lisboa, tais histórias podem remontar a milhares de anos, algumas à Idade do Bronze. Alguns folcloristas preferem usar o termo alemão Märchen ou "conto maravilhoso"para se referir ao gênero em vez de conto de fadas. No Brasil e em Portugal, os contos de fadas, na forma como são hoje conhecidos, surgiram em fins do século XIX sob o nome de contos da carochinha. Esta denominação foi substituída por "contos de fadas" no século XX. Origens A tradição oral do conto de fadas surgiu muito antes da escrita. Os contos eram contados ou encenados dramaticamente, em vez de escritos, e transmitidos de geração em geração. Por causa disso, a história de seu desenvolvimento é necessariamente obscura e confusa, com alguns remontando à Idade do Bronze. Um dos primeiros contos de fadas a aparecer na literatura escrita é O Asno de Ouro, sendo o único romance romano antigo em latim que sobreviveu na íntegra. O protagonista do romance é Lúcio e o enredo gira em torno da curiosidade do protagonista e do desejo insaciável de ver e praticar magia. Ao tentar realizar um feitiço para se transformar em um pássaro, ele é acidentalmente transformado em um burro. Isso o leva a uma longa jornada, literal e metafórica, repleta de contos inseridos. Ele encontra finalmente a salvação por meio da intervenção da deusa Ísis, cujo culto ele se junta. A literatura medieval contém versões antigas ou predecessoras de contos e motivos posteriormente conhecidos, como Os mortos gratos, O amante dos pássaros ou A busca pela esposa perdida. Há elementos de contos de fadas em peças de William Shakespeare. Rei Lear pode ser considerado uma variante literária de contos de fadas. como Água e Sal e Cabo de Juncos, ambos contos ressurgiram na literatura ocidental nos séculos XVI e XVII. As Noites Facetas de Straparola de Giovanni Francesco Straparola (Itália, 1550 e 1553) e os contos napolitanos de Giambattista Basile (Nápoles, 1634-1636), são contos de fadas. Carlo Gozzi (13 de dezembro de 1720 - 4 de abril de 1806) foi um dramaturgo italiano (veneziano) fez uso de muitos motivos de contos de fadas entre seus cenários da Commedia dell'Arte, incluindo entre eles um baseado no conto de Basile, O Amor por Três Laranjas (1761). Simultaneamente, Pu Songling (5 de junho de 1640 – 25 de fevereiro de 1715), na China, incluiu muitos contos de fadas em sua coleção, Histórias Estranhas de um Estúdio Chinês (publicada postumamente, 1766), que foi descrita por Yuken Fujita da Universidade de Keio como tendo "a reputação de ser a coleção de contos mais notável." O conto de fadas se tornou popular na França de classe alta, e entre os contos contados naquela época estavam os de La Fontaine e os de Charles Perrault, que fixou as formas da Bela Adormecida e da Cinderela. A Era do Salão Em meados do século XVII, surgiu uma moda de contos de fadas entre os intelectuais que frequentavam os salões de Paris. Esses salões eram reuniões regulares promovidas por mulheres proeminentes da aristocracia, onde mulheres e homens se reuniam para discutir os assuntos da época.Os contos de salão, tal como foram originalmente escritos e publicados, foram preservados numa obra monumental chamada Le Cabinet des Fées, uma enorme colecção de histórias dos séculos XVII e XVIII. Século XIX Depois de atravessar uma fase de desinteresse por parte do público adulto após a Revolução Francesa, os contos de fadas despertaram novamente a atenção dos pesquisadores no início do século XIX, graças aos estudos de Gramática Comparada que, tomando o sânscrito por base, buscavam descobrir a evolução das diversas línguas e dialetos, e assim, determinar a identidade nacional de cada povo. Os primeiros colecionadores a tentar preservar não apenas o enredo e os personagens dos contos, mas também o estilo em que foram contados, foram os Irmãos Grimm, que colecionavam contos de fadas alemães; ironicamente, que embora seus esforços em Contos infantis e domésticos (1812) permaneçam um tesouro para os folcloristas, eles reescreveram os contos em edições posteriores para torná-los mais aceitáveis, o que garantiu suas vendas e a popularidade posterior de seu trabalho. Os Irmãos Grimm rejeitaram vários contos para sua coleção, embora contados oralmente a eles por alemães, porque os contos derivavam de Perrault, e eles concluíram que eram, portanto, contos franceses e não alemães; uma versão oral de "Barba Azul" foi rejeitada, e o conto da Pequena Rosa Silvestre, claramente relacionado à "Bela Adormecida" de Perrault, foi incluído apenas porque Jacob Grimm convenceu seu irmão de que a figura de Brynhildr, da mitologia nórdica muito anterior, provava que a Bela Adormecida era autenticamente folclore germânico. Esta consideração sobre se deveriam manter A Bela Adormecida refletia uma crença comum entre os folcloristas do século XIX: que a tradição popular preservava os contos de fadas em formas da pré-história, exceto quando "contaminados" por tais formas literárias, levando as pessoas a contar contos inautênticos. Os camponeses analfabetos e sem educação, se adequadamente isolados, contavam contos mais puros. O trabalho dos Irmãos Grimm influenciou outros, inspirando-os a colecionar contos e levando-os a acreditar de forma semelhante, em um espírito de nacionalismo romântico, que os contos de fadas de um país eram particularmente representativos dele. Entre os influenciados estavam o russo Alexander Afanasyev (Voronej, 11 de julho de 1826 – Moscou, 23 de outubro de 1871) foi o maior folclorista russo de sua época mais conhecido por publicar quase 600 contos de fadas e folclore eslavos orientais e russos, uma das maiores coleções de folclore do mundo. Esta coleção não se restringiu à Grande Rússia, mas incluiu contos populares do que hoje são a Ucrânia e a Bielorrússia também. A primeira edição de sua coleção foi publicada em oito volumes de 1855 a 1867, o que lhe rendeu a reputação de ser a contraparte russa dos Irmãos Grimm. "Kinder- und Hausmärchen" (Contos de Grimm), é o título original alemão da famosa coleção de contos de fadas e histórias dos Irmãos Grimm. Publicada pela primeira vez em 1812, a obra é mais conhecida no mundo anglófono como "Contos de Grimm" ou "Contos de Fadas dos Irmãos Grimm". A coleção, originalmente destinada a um público acadêmico, foi posteriormente editada para atrair um público mais amplo, incluindo crianças. Os Irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, coletaram e publicaram essas histórias com o objetivo de preservar o folclore alemão e estudar a língua e a cultura alemã. Dentre os contos mais famosos incluídos na coleção, destacam-se "João e Maria", "Chapeuzinho Vermelho", "Branca de Neve", "Cinderela", "Rapunzel" e "A Bela Adormecida". A obra teve um impacto significativo no estudo moderno do folclore e influenciou a literatura e a cultura popular mundial. Alex

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