Dalton Trevisan - Estilo de escrita, recepção e Joaquim Dalton Jérson Trevisan (Curitiba, 14 de junho de 1925 — Curitiba, 9 de dezembro de 2024) foi um advogado e escritor brasileiro, famoso por seus livros de contos, especialmente O Vampiro de Curitiba (1965), e por sua natureza reservada. As histórias de Trevisan são "fábulas morais invertidas" que satirizam a ética e os costumes sexuais da classe média. Suas histórias foram descritas como "cenas lúgubres de sexo e morte entre as classes médias baixas". A World Literature Today descreveu suas histórias como retratando "violência encharcada de sangue, frequentemente espalhados em tabloides lúgubres ". No entanto, ele também foi conhecido por retratar a "solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados" e para o "rigor literário, criatividade e uma visão afiada e implacável dos seres humanos". Seu trabalho também é conhecido por seu humor ácido. Trevisan é conhecido como um escritor de contos muito curtos. Ele experimentou formas muito curtas, incluindo o Haibun japonês. Haibun (literalmente, escritos) é uma forma literária prosimétrica, uma composição poética que explora uma combinação de prosa e verso, é um texto composto em segmentos alternados de prosa e verso. É amplamente encontrado na literatura ocidental e oriental. A introdução de K. David Jackson à Oxford Anthology of the Brazilian Short Story descreve Trevisan como um inovador modernista, que "continua a aparar suas histórias, que demolem o desejo burguês, até chegar à mini-história, ou forma minimalista." Trevisan é conhecido por publicar quase exclusivamente contos, com somente um romance entre suas obras. Ele foi chamado de "um mestre brasileiro do gênero" e "um dos mais proeminentes contistas modernos". Joaquim foi uma revista cultural brasileira fundada por Dalton Trevisan em Curitiba, pioneira na divulgação da obra de uma geração de artistas modernistas que ficaria conhecida como a Geração de 45. Vinte e uma edições foram publicadas entre abril de 1946 e dezembro de 1948. Começos e influência Foi publicada pela primeira vez em abril de 1946, em Curitiba, por Dalton Trevisan, auxiliado por Erasmo Pilotto e Antônio P. Walger. Teve circulação irregular, até seu 21º número, em dezembro de 1948. A publicação ultrapassou o Paraná e teve repercussão em todo o Brasil, particularmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Vários artistas conhecidos e outros que alcançariam mais tarde a fama contribuíram para a revista. Os autores incluíram Antonio Cândido, Mario de Andrade, Otto Maria Carpeaux, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes. A revista foi ilustrada por artistas como Cândido Portinari, Poty, Di Cavalcanti. Também foram publicadas traduções de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide. Joaquim foi uma revista dirigida por jovens num período pós-guerra caracterizado pelo debate de projeção nacional sobre democracia e socialismo. Regionalmente, significou uma experiência de renovação para um grupo de pessoas que não se identificava com o paranismo em ascensão. O paranismo que combatiam era um movimento regionalista surgido no início do século XX, que buscava fortalecer as raízes culturais do Paraná, de modo que seus seguidores utilizassem temas e referências locais em suas obras, que resultou no isolamento de outras tendências literárias e artísticas. Ao mesmo tempo, a Joaquim buscava superar o provincianismo estético e cultural de Curitiba, conforme a intenção de seu fundador Dalton Trevisan. A ideia central da revista era remodelar, construir um ambiente cultural diferente, criar novos aspectos e superar o dito provincianismo. Nome da revista O nome da revista foi escolhido, com a intenção de popularizar a publicação e também de oferecer ao leitor um indicador de sua principal característica, que era evitar a identificação ideológica. Com a frase "Em Homenagem a Todos os Joaquins do Brasil" como subtítulo, a revista enfatizava seu objetivo explícito: tornar-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos, poetas e artistas brasileiros, questionadoramente, polêmica e sem protagonismo pessoal. A partir do segundo número, a expressão "joaquins" passou a ser impressa em letras minúsculas. Encerramento A publicação cessou de circular tão abruptamente que nem mesmo uma obra de Dalton Trevisan foi concluída. A última edição, de 21 de dezembro de 1948, incluía a primeira parte do conto "Ulisses em Curitiba", com o aviso de que seria concluída na edição 22. Esta edição nunca foi publicada, e o final do conto permanece desconhecido até hoje. O fim da revista não se deveu a dificuldades financeiras, já que dedicava um quarto de suas páginas a anunciantes, e seu número estava até crescendo. Tampouco sofreu com problemas externos, como censura, já que era uma publicação valorizada localmente por seu significativo impacto nacional. A decisão de encerrar a publicação deve-se ao seu editor, Dalton Trevisan. Alguns pesquisadores afirmam que isso se deveu ao seu impacto nacional positivo e a um acontecimento específico: quando o deputado federal Gilberto Freyre elogiou publicamente a revista, Trevisan percebeu que ela podia se institucionalizar e perder sua condição de veículo contencioso e controverso. Alex