Jaguar e O Pasquim Jaguar, pseudônimo de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, (Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 1932 — Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2025) foi um cartunista brasileiro. Ganhou notoriedade por ser um dos fundadores do periódico satírico alternativo O Pasquim, em 1969. Sérgio Jaguaribe começou sua carreira em 1952 na revista Manchete, onde, por influência de Borjalo passou a assinar somente Jaguar. Na mesma época, trabalhava no Banco do Brasil, subordinado a Sérgio Porto, que o convenceu a não deixar o emprego em favor do humorismo. Borjalo, pseudônimo de Mauro Borja Lopes (Pitangui, 15 de novembro de 1925 — Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2004), foi um desenhista e cartunista brasileiro, conhecido por suas personagens de traços simples (desenhados sem boca e, na maior parte das vezes, sem diálogo). Sérgio Marcus Rangel Porto, mais conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta (Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 1923 — Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1968), foi um cronista, escritor, radialista, comentarista, teatrólogo, jornalista, humorista e compositor brasileiro. No início da década de 1960, Jaguar passa a ser um dos principais cartunistas da revista Senhor, colaborando também na Revista Civilização Brasileira, na Revista da Semana, no semanário Pif-Paf e nos jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. Lança seu primeiro livro em 1968, Átila, você é bárbaro. Indenização Durante a ditadura militar, ficou preso durante três meses em 1970, tendo sido solto no réveillon. Em 5 de abril de 2008, Jaguar e outros vinte jornalistas perseguidos durante os anos de chumbo tiveram seus processos de anistia aprovados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Ele e Ziraldo receberam as maiores indenizações: 1 milhão de reais cada um. Jaguar faleceu em 24 de agosto de 2025, aos 93 anos, no Rio de Janeiro. O cartunista estava internado no hospital Copa D'or, com infecção respiratória, que evoluiu com complicações renais. Ainda segundo a unidade de saúde, nos últimos dias, ele estava sob cuidados paliativos. Foi casado por cerca de 25 anos com a escritora e fundadora do Pasquim Olga Savary, com quem teve dois filhos, o artista plástico Pedro (1958–1999) e a escritora Flávia Savary (1956). O Pasquim O Pasquim foi um jornal alternativo brasileiro, editado entre 26 de junho de 1969 e 11 de novembro de 1991, reconhecido pelo diálogo entre o cenário da contracultura da década de 1960 e por seu papel de oposição ao regime militar. De uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, que a princípio parecia exagerada, o hebdomadário — publicação que se renova a cada semana — atingiu a marca de mais de 200 mil em seu auge, em meados dos anos 1970, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. A princípio, uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, entre outros). O Pasquim foi se tornando mais politizado à medida que aumentava a repressão da ditadura, principalmente após a promulgação do repressivo ato AI-5. O Pasquim passou então a ser porta-voz da indignação social brasileira. O projeto nasceu no fim de 1968 após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral; o trio buscava uma opção para substituir o tabloide humorístico A carapuça, editado pelo recém-falecido escritor Stanislaw Ponte Preta. O nome foi sugestão de Jaguar, inspirado no personagem dos contos populares italianos, que, segundo a lenda, costumava contar histórias em praças públicas Pasquino. Com o tempo figuras de destaque na imprensa brasileira, como Ziraldo, Millôr Fernandez, Manoel "Ciribelli" Braga, Miguel Paiva, Prósperi, e Fortuna, se juntaram ao time. Além de um grupo fixo de jornalistas, que incluía Luiz Carlos Maciel, a publicação contava com a colaboração de nomes como Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam e Sérgio Augusto, e também dos colaboradores eventuais como Ruy Castro e Fausto Wolff. Como símbolo do jornal foi criado o ratinho Sig (de Sigmund Freud), desenhado por Jaguar, baseado na anedota da época que dizia que "se Deus havia criado o sexo, Freud criou a sacanagem". Em 1969, em função de uma entrevista polêmica feita pelo cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral com a atriz Leila Diniz, foi instaurada a censura prévia aos meios de comunicação no país, a Lei de Imprensa, que ficou popularmente conhecida pelo nome da atriz. Em novembro de 1970, a maior parte da redação de O Pasquim foi presa depois que o jornal publicou uma sátira do célebre quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga (de autoria de Pedro Américo). Os militares esperavam que o semanário saísse de circulação e seus leitores perdessem o interesse, mas durante todo o período em que a equipe esteve encarcerada — até fevereiro de 1971 — O Pasquim foi mantido sob a editoria de Millôr Fernandes (que escapara à prisão), com colaborações de Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha. Vendia cerca de 100 mil exemplares por semana, quase todos em bancas, mais do que as revistas Veja e Manchete somadas. As prisões continuariam nos anos seguintes, foi também alvo de dois atentados a bomba, uma em março de 1970, a outra em maio. Na década de 1980 bancas que vendiam jornais alternativos como O Pasquim passaram a ser alvo de atentados à bomba. Aproximadamente metade dos pontos de venda decidiu não mais repassar a publicação, temendo ameaças. Era o início do fim para o Pasquim. O jornal ainda sobreviveria à abertura política de 1985, mesmo com o surgimento de inúmeros jornais de oposição e de novos conceitos de humor (Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva, egressos de O Pasquim, fundaram O Planeta Diário. Graças aos esforços de Jaguar, o único da equipe original a permanecer em O Pasquim, o hebdonário continuaria ativo até a década de 1990. No carnaval carioca de 1990 toda a equipe de O Pasquim foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz com o enredo "Os Heróis da Resistência". A última edição, de número 1 072, foi publicada em 11 de novembro de 1991. Novos Pasquins Bundas (1999) Um primeiro ensaio para a volta da publicação deu-se através de uma revista intitulada Bundas, lançada em 1999, que durou pouco tempo. O nome Bundas era uma paródia à revista Caras, e seus lemas eram "Quem mostra a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas" e "Bundas, a revista que não tem vergonha de mostrar a cara". OPasquim21 Em 2002 Ziraldo e seu irmão Zélio Alves Pinto lançaram uma nova edição de O Pasquim, renomeado OPasquim21. Esta versão também teve vida curta, apesar de contar com alguns de seus antigos colaboradores, e deixou de ser publicada em meados de 2004. Passaram pela publicação nomes como Fausto Wolff, Miguel Arcanjo Prado, Emir Sader, Marcia Frazão. Alex

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