Timothy "Tim" Walter Burton (Burbank, 25 de agosto de 1958) é um cineasta, produtor, roteirista, escritor, animador e ilustrador estadunidense. Conhecido por seu pioneirismo na cultura gótica cinematográfica, Burton é conhecido pelos aspectos fantasiosos, excêntricos e sombrios que apresenta em suas obras. Ele recebeu vários prêmios, incluindo um Emmy Award, bem como indicações para dois Óscares, um Globo de Ouro e três BAFTA Awards. Ele foi homenageado com o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza pelo conjunto da obra em 2007 e recebeu a Ordem das Artes e Letras do Ministro da Cultura da França em 2010.
Tim Burton nasceu em Burbank, Califórnia, em 25 de agosto de 1958, sendo o mais velho dos dois filhos de Bill Burton (1930–2000) e Jean Erickson (1933–2002). Seu pai era um ex-jogador de beisebol que trabalhou para o Departamento de Parques e Recreação de Burbank; enquanto sua mãe era dona de uma loja de presentes com tema de gatos. O campo de beisebol do Olive Recreation Center em Burbank, Califórnia, recebeu o nome de Bill Burton.
Burton passou a infância sozinho, sendo considerado uma criança introspectiva e solitária por seus familiares. Tímido, ele sempre se sentiu diferente dos outros jovens, dedicando seu tempo a desenhar e a assistir filmes de terror, seu gênero favorito do cinema. Fã do expressionismo alemão, de filmes da Universal Monsters e da Hammer Films, dos atores Christopher Lee e Vincent Price; e de escritores como Dr. Seuss, Roald Dahl e Edgar Allan Poe; Burton seria fortemente influenciado por todos esses artistas e obras em sua futura carreira de cineasta.
O expressionismo alemão foi um movimento artístico e cinematográfico do início do século XX. Seu auge foi nos anos 1920, e se caracterizou pela expressão subjetiva das emoções e angústias do artista por elementos visuais distorcidos, como cenários e maquiagens exageradas, e narrativas que exploravam temas sombrios como loucura, traição e desespero. O movimento refletiu a crise social e econômica da Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial e influenciou profundamente o cinema de terror e ficção científica, com filmes icônicos como O Gabinete do Dr. Caligari e Nosferatu. Universal Monsters são os filmes de terror da Universal Studios entre as décadas de 1930 e 1950. Foi a primeira série de filmes em um universo ficcional compartilhado. Depois do sucesso de The Hunchback of Notre Dame e The Phantom of the Opera nos anos 20, a Universal adaptaria Drácula e Frankenstein, que, junto da Múmia, O Homem Invisível (1933) e O Lobisomem, receberiam várias sequências nas quais os monstros se encontrariam. O plantel de monstros também inclui o Monstro da Lagoa Negra, estrela de 3 filmes. Estrelas dos filmes incluíam Boris Karloff, Lon Chaney e Bela Lugosi. Já a Hammer Film Productions é uma companhia cinematográfica britânica especializada em filmes de terror.
Burton frequentou a Providencia Elementary School, a Luther Burbank Middle School e a Burbank High School, mas não era considerado um bom aluno; ele chegou a jogar no time de polo aquático da Burbank High. Quando pré-adolescente, Burton fez curtas-metragens em seu quintal. Usando técnicas rudimentares de animação em stop motion ou filmando em filme de 8 mm sem som, inspirados nos trabalhos de Ray Harryhausen (Los Angeles, 29 de junho de 1920 - 7 de maio de 2013), que foi um profissional da área de animação stop motion, técnica de animação onde os modelos são fotografados quadro a quadro. Tornou-se, em meados do século XX, o principal técnico da área na indústria do cinema estadunidense. Um de seus filmes juvenis mais antigos é The Island of Doctor Agor, adaptado do romance de HG Wells The Island of Doctor Moreau, que ele fez quando tinha 13 anos.
Após se formar na Burbank High School em 1976, Burton frequentou o California Institute of the Arts em Valencia, Santa Clarita, para estudar animação de personagens, até 1979. Como estudante na CalArts, Burton fez os curtas Stalk of the Celery Monster e King and Octopus.
Stalk of the Celery Monster, filmado em película de 8 mm e por muito tempo considerado perdido, até que fragmentos dele foram exibidos em 2006. Atualmente, trechos do filme estão arquivados na Biblioteca do Congresso.
Atraiu a atenção da Walt Disney Productions, que ofereceu a Burton um estágio de animador em sua sede em Burbank. Ele trabalhou como animador, artista de storyboard, designer gráfico, diretor de arte e artista conceitual em filmes como The Fox and the Hound (1981), Tron (1982) e The Black Cauldron (1985), embora sua arte nunca tenha chegado aos filmes finalizados.
Enquanto estava na Disney em 1982, Burton fez seu primeiro filme, Vincent, uma animação stop motion em preto e branco de seis minutos, baseado em um poema escrito por ele, que retrata um garoto que fantasia ser seu herói Vincent Price, com o próprio Price fornecendo a narração. O filme foi produzido por Rick Heinrichs, com quem Burton fez amizade enquanto trabalhava na Disney. O filme foi exibido no Festival de Cinema de Chicago e lançado, com o drama adolescente Tex, por duas semanas em um cinema de Los Angeles.
Tex é um filme de drama e amadurecimento de 1982, dirigido por Tim Hunter em sua estreia na direção, a partir de um roteiro de Charles S. Haas, baseado no romance homônimo best-seller de 1979 de S. E. Hinton. O filme acompanha dois irmãos adolescentes na zona rural de Oklahoma e sua luta para crescer após a morte da mãe e a partida do pai. O filme é estrelado por Matt Dillon no papel-título, com Jim Metzler, Meg Tilly, Emilio Estevez, em sua estreia no cinema, Bill McKinney, Frances Lee McCain e Ben Johnson em papéis coadjuvantes. Metzler foi indicado ao Globo de Ouro por sua atuação.
Tex é visto como um dos primeiros esforços da Walt Disney Productions para incluir conteúdo adulto em seus filmes e recebeu críticas positivas por seu realismo e conteúdo.
Isso foi seguido pela primeira produção live-action de Burton, Hansel and Gretel, uma adaptação com tema japonês do conto de fadas dos Irmãos Grimm para o Disney Channel, que culmina em uma luta de kung fu entre Hansel, Gretel e a bruxa; o curta foi exibido uma única vez no Halloween de 1983 - antes de ser arquivado por anos, tornando-se extremamente raro e alimentando rumores de que o projeto sequer existia. O curta finalmente foi exibido ao público em 2009 no Museu de Arte Moderna, e novamente em 2011 como parte da exposição de arte de Tim Burton no LACMA. Foi novamente exibido no Museu Nacional da Coreia em 2012.
O próximo curta-metragem live-action de Burton, Frankenweenie, foi lançado em 1984. Em 2012, Burton dirigiu um remake de longa-metragem animado em stop-motion. Frankenweenie conta a história de um jovem que tenta ressuscitar seu cachorro depois que ele é atropelado por um carro. Filmado em preto e branco, é estrelado por Barret Oliver, Shelley Duvall (com quem ele trabalharia novamente em 1986, dirigindo um episódio de sua série de TV Faerie Tale Theatre) e Daniel Stern. Depois que Frankenweenie foi concluído, a Disney demitiu Burton, sob o pretexto de que ele estava gastando os recursos da empresa em filmes sombrios e assustadores demais para as crianças assistirem.
Sobre essa experiência, Burton relatou: Não é uma memória muito boa. A visão deles do desenho não era a minha. Eu me sentia preso a um padrão que não combinava com quem eu era. Mas […] graças a eles pude trabalhar paralelamente nos meus primeiros curtas-metragens”.
O ator Paul Reubens viu Frankenweenie e escolheu Burton para dirigir o spin-off cinematográfico de seu popular personagem Pee-wee Herman. O filme, Pee-wee's Big Adventure, produzido pela Warner Bros., foi feito com um orçamento de US$ 8 milhões e arrecadou mais de US$ 40 milhões nas bilheterias estadunidenses.
Paul Reubens, nome artístico de Paul Rubenfeld (Peekskill, 27 de agosto de 1952 – Los Angeles, 30 de julho de 2023), foi um ator, comediante, apresentador, produtor, roteirista e dublador americano. Ele ficou mais conhecido por criar e interpretar Pee-wee Herman, personagem infantil que fez sucesso nos anos 1980, tornando-se um ícone da cultura americana.
Burton, um fã do excêntrico grupo musical Oingo Boingo, pediu ao compositor Danny Elfman para produzir a trilha sonora do o filme. Desde então, os dois se tornaram grandes amigos, com Elfman tendo composto a trilha sonora de todos os filmes dirigidos por Tim Burton, exceto Ed Wood (1994), Sweeney Todd (2008) e Miss Peregrine's Home for Peculiar Children (2016).[12]
Além disso, Burton dirigiu episódios do revival de 1985 da série de terror antológica dos anos 50/60 Alfred Hitchcock Presents.
Em 1988, Burton enfim dirigiu seu grande projeto, Beetlejuice (1988), uma comédia de terror sobrenatural que ele próprio definiu como "uma versão paródia de O Exorcista" e que narra a história de um casal recém-falecido que precisam lidar com a burocracia do pós-vida, enquanto tentam sem sucesso assustar os novos moradores de sua casa, sendo obrigados a contratarem os serviços do personagem-título, um demônio travesso, charlatão e repulsivo. O filme foi um sucesso comercial, arrecadando US$ 73 milhões de dólares nos Estados Unidos e recebendo um Oscar de melhor maquiagem. O sucesso do projeto rendeu uma série de desenho homônima que teve o próprio Burton como produtor executivo. Beetlejuice revelou ao público um pouco do universo de Burton, mesclando temas macabros com um universo cômico, carnavalesco e fantasioso.
A capacidade de Burton em produzir sucessos com orçamentos baixos impressionou os executivos do estúdio da Warner, e ele recebeu seu primeiro filme de grande orçamento, Batman (1989). Seduzido pelo ar sombrio do herói-morcego, Burton aceita dirigir o projeto, tendo se baseado no romance Batman: The Killing Joke. Para o protagonista, Burton contrariou os produtores ao escalar Michael Keaton, com quem havia trabalhado anteriormente em Beetlejuice, apesar do físico médio de Keaton, inexperiência em filmes de ação e reputação como um ator cômico. Embora Burton tenha vencido, a escolha de Keaton causou um furor entre fãs de Batman, a ponto de fazer o preço das ações da Warner despencarem.[carece de fontes] Burton considerou ridículo escalar um homem ultramasculino "musculoso" como Batman, insistindo que Batman deveria ser um homem comum que se vestisse com uma elaborada fantasia de morcego para assustar criminosos. Embora Burton tenha considerado Brad Dourif originalmente, finalmente escalou Jack Nicholson como o Coringa; uma ação que ajudou a acalmar os ânimos dos fãs, bem como atrair públicos mais velhos não tão interessados em um filme de super-heróis. Quando o filme estreou em junho de 1989, foi apoiado pela maior campanha de marketing e merchandising da história do cinema na época, tornando-se um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos, arrecadando mais de US$ 250 milhões nos EUA e US$ 400 milhões mundialmente, e ganhando aclamação da crítica pelas performances de Keaton e Nicholson, bem como pelos aspectos da produção, que ganhou o Oscar de melhor direção de arte. O sucesso do filme ajudou a estabelecer Burton como um diretor lucrativo, e provou ser uma grande influência em futuros filmes de super-heróis, que evitaram o heroísmo brilhante e totalmente americano do Superman de Richard Donner para um visual mais sombrio e realista e personagens com mais profundidade psicológica.[13] Também se tornou uma grande inspiração para o desenho animado de sucesso Batman: The Animated Series dos anos 1990 , já que a escuridão do filme de Burton e sua sequência permitiram mostrar um Batman mais sombrio na televisão.
Primeira metade da década de 1990: de Edward Mãos de Tesoura a Ed Wood
Em 1990, Burton criou uma história única que deu à romancista Caroline Thompson inspiração para escrever o roteiro de Edward Scissorhands (1990), que Burton dirigiu, reunindo-se com Winona Ryder de Beetlejuice. Descrito como um "conto de fadas da era moderna", mesclando fábula, romance e fantasia sombria, o filme retrata a história de um solitário humanoide com tesoura no lugar das mãos, enfrentando desigualdade e preconceito. O projeto não só definiu o estilo gótico as obras de Burton, como também marcou a primeira parceria entre Burton e o ator Johnny Depp, à época um astro adolescente conhecido pela série 21 Jump Street, tornando-o um ator respeitado e estabelecendo uma forte amizade e parceria profissional entre ele e Burton. Situado no subúrbio da Flórida, o filme é amplamente visto como a autobiografia de Burton sobre sua infância em Burbank.[14] A ideia de Burton para o personagem Edward veio de um desenho que ele fez no ensino médio. O filme foi um sucesso comercial, sendo considerado um dos melhores filmes de Burton por alguns críticos. Burton afirmou que este é seu filme mais pessoal e significativo porque é uma representação dele não ter sido capaz de se comunicar efetivamente com os outros na adolescência.
Após o sucesso de Batman, Burton concordou em dirigir a sequência, com a Warner Bros. lhe dando total liberdade criativa após se arrependerem de não terem produzido o sucesso Edward Mãos de Tesoura. O resultado foi Batman Returns (1992), que contou com Keaton retornando como Batman, e uma nova tríade de vilões: Danny DeVito (como o Pinguim ), Michelle Pfeiffer (como Mulher-Gato) e Christopher Walken (como Max Shreck, um magnata corporativo maligno, criado especialmente para o filme). Um pouco mais sombrio que seu antecessor, surgiram preocupações de que o filme poderia ser assustador demais para crianças. O público ficou mais desconfortável com a sexualidade aberta do filme, personificada pelo estilo elegante e inspirado em fetiches do traje da Mulher-Gato. Burton fez muitas mudanças no vilão Pinguim que posteriormente seriam aplicadas ao personagem tanto nos quadrinhos quanto na televisão. Nos quadrinhos, o Pinguim era um homem comum; Burton o transformou em uma aberração da natureza, parecendo um pinguim com dedos palmados, como nadadeiras, um nariz adunco, como um bico, e um corpo curto e rotundo. Lançado em 1992, Batman Returns arrecadou US$ 282,8 milhões em todo o mundo, tornando-se um sucesso financeiro, embora não na mesma extensão de seu antecessor.
Devido a restrições de cronograma em Batman Returns, Burton produziu, mas não dirigiu, The Nightmare Before Christmas (1993) para a Disney, originalmente concebido para ser um livro de poema infantil. O filme foi dirigido por Henry Selick e escrito por Caroline Thompson, baseado na história original de Burton. O filme recebeu críticas positivas pela animação em stop motion, trilha sonora e enredo original. Foi um sucesso modesto de bilheteria, arrecadando US$ 50 milhões. Devido à natureza do filme, ele não foi produzido sob o selo Disney, mas sim pela Touchstone Pictures, de propriedade da Disney.[15] A Disney queria que o protagonista tivesse olhos, mas a iteração final não teve. Mais de 100 pessoas trabalharam neste filme apenas para criar os personagens, tendo levado três anos de trabalho para que fosse concluído.[15] Burton colaborou com Selick novamente para James and the Giant Peach (1996), que Burton coproduziu.
Em 1994, Burton e sua frequente coprodutora Denise Di Novi produziram a comédia de fantasia Cabin Boy (1994), estrelada pelo comediante Chris Elliott e dirigida/escrita por Adam Resnick. Burton deveria originalmente dirigir o filme depois de ver Elliott atuar em Get a Life, mas entregou a responsabilidade de direção a Resnick. Burton optou por dirigir Ed Wood (1994), uma autobiografia do infame, mas obstinado, diretor Edward Davis Wood Junior, considerado o "pior diretor de todos os tempos". Para o papel-título, Burton escalou novamente Depp, homenageando os filmes de ficção científica e terror de baixo orçamento que assistia na infância. Devido a disputas criativas durante a produção de The Nightmare Before Christmas, Danny Elfman se recusou a compor a música do filme, sendo substituído por Howard Shore. Embora tenha sido um fracasso comercial na época de seu lançamento, Ed Wood se tornou um clássico cult e foi bem recebido pelos críticos. Martin Landau recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua interpretação como Bela Lugosi, enquanto o filme recebeu o Oscar de melhor maquiagem.
A Warner Bros. não estava interessada no retorno de Tim Burton como diretor de um terceiro filme de Batman após considerar Batman Returns muito sombrio e inseguro para crianças. Embora seja creditado como um dos principais produtores de Batman Forever (1995), Burton não teve grande participação nesse filme, auxiliando apenas na escalação dos roteiristas.[16]
Stephen Hillenburg - Carreira antes do Bob Esponja Stephen McDannell Hillenburg (Lawton, 21 de agosto de 1961 — San Marino, 26 de novembro de 2018) foi um animador, roteirista, cartunista e biólogo marinho americano, mais conhecido por ser o criador do desenho animado Bob Esponja Calça Quadrada, além de trabalhar com Joe Murray no desenho A vida moderna de Rocko, e com Arlene Klasky em Rugrats (Os anjinhos) como roteirista. Primeiros trabalhos Hillenburg fez seus primeiros trabalhos de animação, curtas-metragens The Green Beret (1991) e Wormholes (1992), enquanto estava na CalArts. The Green Beret era sobre uma escoteira com punhos enormes que derrubava casas e destruía bairros enquanto tentava vender biscoitos. Wormholes foi seu filme de tese de sete minutos, sobre a teoria da relatividade. Ele descreveu este último como "um filme de animação poético baseado em fenômenos relativísticos" em sua proposta de bolsa em 1991 para a Princess Grace Foundation, que auxilia arti...
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