A História do Panetone O panetone é um tipo de pão doce originário de Milão, tradicionalmente consumido durante o período natalício. Várias lendas procuram explicar a sua origem. Duas destacam-se: segundo a primeira delas, a história desta sobremesa começou há mais de cinco séculos, por volta de 1490, quando um jovem aristocrata, Ughetto Atellani de Futi, se apaixonou pela filha de um padeiro milanês, chamada Toni. Como nos contos de Romeu e Julieta, para se aproximar da amada e de seu pai, Ughetto disfarçou-se de aprendiz de padeiro e começou a trabalhar na padaria da família. Com o objetivo de impressionar o padeiro e conquistar o coração de Toni, ele inventou uma receita especial: um pão doce e perfumado, enriquecido com frutas cristalizadas. A criação foi um sucesso imediato, e os milaneses acorreram à padaria para provar a novidade, que ficou conhecida como o "pan de Toni" (pão de Toni), dando origem ao nome "panetone". Embora a história seja mais uma lenda romântica do que um fato histórico comprovado, Ughetto Atellani de Futi é um nome frequentemente citado no folclore que cerca a origem deste popular doce de Natal. Segundo outra lenda, provavelmente mais conhecida, o cozinheiro a serviço de Ludovico il Moro recebeu a tarefa de preparar um suntuoso almoço de Natal para o qual muitos nobres locais haviam sido convidados, mas a sobremesa, esquecida por engano no forno, quase queimou completamente. Vendo o desespero do cozinheiro, Toni, um pequeno ajudante de cozinha, propôs uma solução: "Com o que sobrou na despensa — um pouco de farinha, manteiga, ovos, algumas raspas de limão e algumas passas — preparei esta sobremesa esta manhã. Se você não tiver mais nada, pode trazê-la para a mesa." O cozinheiro concordou e, tremendo, ficou atrás de uma cortina para observar a reação dos convidados. Todos ficaram entusiasmados, e ao duque, que queria saber o nome daquela iguaria, o cozinheiro a chamou de "pane di Tögn" ou "panettone". Ludovico Maria Sforza (conhecido como Ludovico, il Moro, "Ludovico, o Mouro"; 27 de julho de 1452–27 de maio de 1508), era um nobre da Renascença italiana que governou como duque de Milão de 1494, após a morte de seu sobrinho Gian Galeazzo Sforza, até 1499. Membro da família Sforza, ele era o quarto filho de Francesco I Sforza. Ele era famoso como patrono de Leonardo da Vinci e de outros artistas, e presidiu a fase final e mais produtiva do Renascimento milanês. Ele é provavelmente mais conhecido como o homem que encomendou a Última Ceia, bem como por seu papel na precipitação das Guerras Italianas. Porém, longe das lendas, as origens do panetone parecem remontar ao Império Romano, quando os antigos romanos adoçavam um tipo de pão fermentado com mel. O panetone aparece num livro de receitas de Bartolomeo Scappi (Dumenza, 1500 – 13 de abril de 1577), foi um cozinheiro italiano do Renascimento. O primeiro fato conhecido sobre sua vida é que, em abril de 1536, ele organizou um banquete enquanto estava a serviço do Cardeal Lorenzo Campeggio. Posteriormente, serviu a vários outros cardeais e, em seguida, ao Papa Pio IV, integrando a equipe de cozinha da Santa Sé. Continuou trabalhando como cozinheiro para o Papa Pio V. Ele alcançou a fama em 1570 com a publicação de seu livro Opera dell'arte del cucinare, no qual detalhou mais de mil receitas da culinária renascentista e descrições de várias técnicas e utensílios. Reimpressões da obra foram publicadas continuamente entre 1570 e 1643. Scappi revolucionou a culinária de sua época com seus novos métodos e o uso de ingredientes trazidos da América. Bartolomeo Scappi, possivelmente, mencionou uma receita similar ao panetone moderno em seu livro de receitas "Opera". No século XVI, era comum enriquecer o pão diário com ingredientes como ovos, mel, passas e manteiga durante o período de Natal, especialmente em Milão, onde a tradição do panetone é mais forte. O trabalho de Scappi representa o auge da culinária renascentista italiana e inclui muitas receitas de massas e sobremesas que usavam ingredientes caros da época, como açúcar e especiarias, mostrando um gosto por pratos doces. Portanto, Scappi não inventou o panetone, mas seu livro é uma das primeiras fontes a documentar a culinária italiana da Renascença que incluía bolos doces e ricos, precursores do panetone moderno. O registro mais antigo e seguro do consumo de panetone encontra-se em um livro de despesas do Colégio Borromeo de Pavia. Em 23 de dezembro de 1599, na lista de pratos oferecidos para o almoço de Natal, constam também os custos entregues ao padeiro para a confecção de 13 "pães" a serem distribuídos aos estudantes universitários no dia de Natal. A primeira associação registrada do panetone com o Natal pode ser encontrada nos de Pietro Verri. Ele se refere a ele como pan de ton ('pão de luxo'). Pietro Verri (12 de dezembro de 1728 – 28 de junho de 1797) foi um economista, historiador, filósofo e escritor italiano. Considerado uma das personalidades mais importantes da cultura italiana do século XVIII, ele é um dos pais do Iluminismo reformista lombardo e a mais importante autoridade pré-Smithiana sobre o conceito de economia e abundância. Produção em massa O panetone, como o conhecemos hoje (alto, macio, decorado com frutas cristalizadas e passas), nasceu em 1919, idealizado por Angelo Motta, proprietário da empresa de mesmo nome. A receita de Motta foi adaptada por outro padeiro, Gioacchino Alemagna, por volta de 1925, que deu seu nome a uma marca que existe até hoje. Uma forte concorrência entre a Motta e a Alemagna que se seguiu levou à produção industrial do panetone. A Nestlé assumiu as marcas em conjunto no final da década de 1990, mas a Bauli, uma empresa italiana de panificação sediada em Verona, em 2009, adquiriu a Motta e a Alemagna da Nestlé. Ao final da Segunda Guerra Mundial, o panetone era barato o suficiente para todos e logo se tornou o principal doce natalino do país. Imigrantes lombardos que foram para a Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Colômbia, Equador e Brasil também levaram consigo seu amor pelo panetone, apreciado no Natal com chocolate quente ou licor durante as festas de fim de ano, tornando-se uma tradição comum nesses países. O Peru é o maior consumidor mundial de panetone, ultrapassando a Itália, com 1,3 kg de panetone por pessoa por ano no Peru. O panetone chegou ao país andino graças à empresa italiana Motta. Antonio D'Onofrio, filho de imigrantes de Caserta, Itália, criou sua própria marca usando uma versão modificada da fórmula Motta (por exemplo, mamão papaia cristalizado é usado provavelmente por razões de adaptação ao paladar local e disponibilidade de ingredientes na região), que ele licenciou juntamente com o estilo da embalagem. As modificações do panetone italiano, feitas pela D'Onofrio, foram autorizadas pela Motta. A D'Onofrio pertence atualmente à Nestlé, que comercializa e exporta seu panetone para toda a América do Sul. O peruano médio consome panetone durante todo o ano. No Peru, o panetone não é somente comida, mas também um presente, já que cinco em cada dez panetones são comprados para serem dados a amigos, familiares ou colegas de trabalho. O Brasil é o terceiro maior consumidor mundial e o maior produtor de panetone do mundo, com cerca de 480 milhões de unidades anuais. A história do panetone no Brasil se confunde com a da Bauducco, marca que popularizou o produto em larga escala a partir da década de 1950. Alex

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